sábado, 16 de dezembro de 2017

Câmara de Porto Belo aprova acordo de cooperação com Mafra em Portugal

Vista do bairro do Araçá, em Porto Belo/Foto João Filho Fotografado Porto Belo (Facebook)

De autoria do vereador Marcos Marques (PRB), a Câmara de Porto Belo aprovou na última quarta-feira (13), por unanimidade, o Projeto de Lei que estabelece cooperação cultural e socioeconômica entre os municípios de Porto Belo e Mafra em Portugal. O projeto segue agora para sanção do prefeito Emerson Stein (PMDB).

O principal objetivo do acordo é promover a aproximação entre os bairros de Araçá, em Porto Belo, e a freguesia da Ericeira, no Concelho de Mafra. O Projeto de Lei deve ajudar futuramente no processo de geminação entre os municípios.

Praia dos Pescadores na Ericeira/Foto Rogério Pinheiro

A ideia é possibilitar a troca de experiências entre as duas comunidades. A cooperação entre as comunidades do Araçá e da Ericeira devem abranger o turismo, pesca, meio ambiente, educação e cultura. 

Porto Belo e Mafra possuem ligação histórica, principalmente por parte da criação da Colônia Nova Ericeira em março de 1818. Ericeira hoje é uma freguesia de Mafra, mas até 1855, era um município.

Da Ericeira, vieram cerca de 300 colonos que povoaram Porto Belo e a região. Além disso, dados históricos apontam que moradores da Ericeira e também de Mafra já estavam no Sul do Brasil em 1750.

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Noite Cultural celebra os 200 anos da Nova Ericeira na Penha

O escritor Dieter Hans Kohl, de Porto Belo, fez uma apresentação sobre a Colônia Nova Ericeira/Foto Rogério Pinheiro

O município de Penha realizou na noite de quinta-feira (30), a 1ª Noite Cultural Folclórica. O evento, que contou com apresentações artísticas, marcou as comemorações dos 200 anos da Colônia Nova Ericeira na cidade. O encontro aconteceu no Porto Penha Food Park, no bairro Armação. A iniciativa teve o apoio da Fundação Cultural de Penha. 

O Grupo de Boi de Mamão Infantil, formado por alunos da Escola Básica Municipal João Batista da Cruz, abriu o evento, que foi acompanhado por um público de cerca de 100 pessoas.  Dança de São Gonçalo e músicas do Grupo Itapocoróy, do bairro Armação, completaram a 1ª Noite Cultural Folclórica. 

Boi de Mamão Infantil foi uma das apresentações culturais do evento na Penha/Foto Rogério Pinheiro

O evento teve ainda a exibição do documentário “Navegantes” e de uma roda de conversa com jornalistas, pesquisadores e escritores de Penha e região. Entre eles, Magru Floriano, Rogério Pinheiro, Eduardo Bajara Souza, Dieter Hans Kohl, Isaque de Borba Correa e Cláudio Bersi. 

O escritor e pesquisador, Dieter Hans Kohl, de Porto Belo, fez uma apresentação sobre a Colônia Nova Ericeira. Já o escritor Cláudio Bersi, de Penha, falou sobre a história do município e também sobre a pesca da baleia, especialmente a Armação Baleeira de Itapocorói, fundada em 1778. 

Documentário "Navegantes" foi exibido durante o evento dos 200 anos da Nova Ericeira/Foto Rogério Pinheiro

Para o jornalista e pesquisador, Rogério Pinheiro, Penha estava no plano de expansão da Colônia Nova Ericeira, mas o projeto foi abandonado após a Independência do Brasil, em 1822. 

- A partir de 1821 outras sesmarias foram doadas para expansão da colônia e Penha tinha terras para esse fim. A falta de recursos para os pescadores da Ericeira (Portugal) e a demora na transferência das terras contribuíram para o fim da Nova Ericeira em 1824. A independência também teve um papel importante, já que todos os projetos de Portugal foram abandonados e a Nova Ericeira era um deles – explica. 

Roda de conversa contou com a participação de pesquisadores, escritores e jornalistas/Foto Rogério Pinheiro

Apesar do fim da Colônia Nova Ericeira, a ideia principal, promover a pesca foi mantida. 

- Não saiu como planejado e demorou mais tempo do que previsto, mas a pesca em Santa Catarina se destacou no Brasil e isso graças à Nova Ericeira. A técnica pesqueira é o principal legado deixado pela Colônia Nova Ericeira e Penha também faz parte desse legado – conclui o pesquisador. 

Cláudio Bersi falou sobre a Armação Baleeira de Itapocorói, fundada em 1778/Foto Rogério Pinheiro

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Sábado tem lançamento do livro “Memórias do Sertão” em Itapema

Dona Dulce lança seu primeiro livro em Itapema/Foto Rogério Pinheiro

Contemplado pela Lei de Incentivo à Cultura de Itajaí de 2017 e com patrocínio da Brasfrigo, o livro “Memórias do Sertão”, de Dulceclea Marcolino da Silva, será lançado neste sábado (25), às 16h, no Mercado Municipal de Itapema. O lançamento faz parte da programação do Brique Cultural de Itapema.

Com 160 páginas, “Memórias do Sertão” conta a história de dona Dulce do Sertão do Trombudo, bairro rural de Itapema, até Itajaí dos anos de 1970. São mais de 40 anos de memórias, que passam por momentos marcantes da história itajaiense. 

Filha de lavradores do Sertão do Trombudo, em Itapema, dona Dulce, 66 anos, teve a ideia de escrever o livro quando começou a trabalhar no Arquivo Público de Itajaí. Foi lá, no meio de livros e pesquisadores, que ela também se interessou em deixar por escrito as suas memórias.
 
Estrada de Santa Luzia, em Tijucas, na década de 1950/Foto Tijucas de Antigamente

Dulce aprendeu a escrever nas escolas rurais do Sertão do Trombudo e estudou só até aos 12 anos. Aos 17 anos, saiu do sítio do pais e foi trabalhar em casas de família em Florianópolis e Blumenau. Em 1972, foi morar no bairro Matadouro, em Itajaí. No Matadouro, ela conheceu o marido José Nivaldo Marcolino da Silva, com quem é casada há 44 anos.

Para ajudar a sustentar a família, trabalhou como doméstica e em empresas de pesca até prestar concurso público para o cargo de auxiliar de serviços gerais pela Prefeitura de Itajaí. Por mais de dez anos, Dulce foi merendeira nas escolas municipais e é lembrada até hoje pelos ex-alunos.

Bairro Matadouro, em Itajaí, na década de 1970/Foto Arquivo Público de Itajaí

O Brique Cultural acontece entre as 9h e às 18h e terá ainda apresentações de dança, teatro, música ao vivo, feira de artesanato e troca de livros. O Mercado Público de Itapema fica na rua 112, nº 69, Centro.

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Livro "O Aeroporto de Itajaí" será lançado em Festival Literário nesta quinta-feira

Aeroporto de Itajaí na década de 1950/Foto Arquivo Público de Itajaí 

O 1º Festival Literário de Itajaí começa nesta quarta-feira (22), no Centreventos, com apresentações teatrais, oficinas, artesanato, contação de histórias e lançamento de livros. Entre eles “O Aeroporto de Itajaí”, da historiadora Maria de Fátima Maçaneiro Schneider. O livro será lançado nesta quinta-feira (23), às 19h, no espaço da Setorial de Produção Cultural e Literatura. A entrada é grátis.

O livro conta a história do aeroporto itajaiense antes mesmo da sua fundação, em 1950, com o pouso do hidroavião Atlântico, em janeiro de 1927, no rio Itajaí-Açu. O voo que trazia a bordo o itajaiense Victor Konder, ministro da aviação do governo de Washington Luís, é considerado o primeiro da aviação comercial no Brasil.

Aeronave da antiga companhia aérea Vasp/Arquivo Público de Itajaí 

O terminal começou com uma pista de pouso próximo da rua Uruguai na década de 1930, onde hoje estão as casas populares. Além da pista feita de macadame, o rio Itajaí-Açu também foi usado para os pousos dos hidroaviões, o mais famoso deles o Atlântico.

Em 1949, o aeroporto foi transferido para rua Blumenau, onde funciona hoje o escritório da Celesc. Foi na rua Blumenau, que o aeroporto ganhou um terminal de passageiros e o nome Salgado Filho, homenagem ao ministro da aviação de Getúlio Vargas.

Com problemas de infraestrutura, o terminal mudou novamente. Em janeiro de 1970, o aeroporto já com o nome de Ministro Victor Konder, foi transferido para Navegantes.

Hidroavião Atlântico na década de 1930/Foto Arquivo Público de Itajaí

A obra aborda também os acidentes que marcaram a história do aeroporto, passageiros famosos e muitas curiosidades. A pista do aeroporto chegou a ser utilizada para prática da farra do boi na década de 1960.

O livro foi contemplado pela Lei de Incentivo à Cultura de Itajaí e conta com o patrocínio da Brasfrigo.

O 1º Festival Literário de Itajaí segue até domingo (26) e é aberto ao público das 9h às 12h e das 13h30 às 21h.

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Penha recebe evento dos 200 anos da Nova Ericeira no dia 30 de novembro

Capela histórica São João Batista em Penha/Foto Turismo Penha

Penha também fez parte da Colônia Nova Ericeira. Para lembrar os 200 anos de criação do primeiro empreendimento pesqueiro do Brasil, o município realiza no dia 30 de novembro, às 19h, no Porto Penha Food Park, um evento alusivo à data. A iniciativa conta com o apoio da Fundação Cultural de Penha. A entrada é grátis.

O evento comemorativo terá a exibição do documentário “Navegantes” e de uma roda de conversa com jornalistas e escritores de Penha e região. Entre eles, Magru Floriano, Rogério Pinheiro, Eduardo (Bajara) Souza, Dieter Hans Kohl, Isaque de Borba Correa e Cláudio Bersi.

O documentário “Navegantes” aborda a colonização portuguesa no litoral catarinense pelo olhar de seus moradores.  Contemplado pela Lei de Incentivo à Cultura de Navegantes e com o apoio cultural da Portonave, o filme mostra que os descendentes de portugueses têm origem em diversas regiões de Portugal e não só do Arquipélago dos Açores.

O Porto Penha Food Park fica na avenida Alfredo Brunetti, nº 481, bairro Armação, próximo ao Parque Beto Carrero World. 

Penha é terceira cidade a receber o evento dos 200 anos da Nova Ericeira em 2017. Os municípios de Bombinhas e Navegantes já lembraram a data este ano. A programação de aniversário segue até março de 2018, em outras sete cidades do litoral catarinense.

Nova Ericeira

Em fevereiro de 1818, Dom João VI foi coroado rei de Portugal, Brasil e Algarves. Uma das primeiras medidas como monarca foi á criação de uma colônia pesqueira no Sul do Brasil. O Aviso Régio de 25 de março de 1818 tornou oficial a ideia sugerida no dia 18 de outubro de 1817, por Justino José da Silva, comerciante e ex-presidente da Câmara Municipal da Ericeira, em Portugal.

A Ericeira é uma vila turística muto conhecida em Portugal/Foto Rogério Pinheiro

Coube ao então Intendente da Marinha de Santa Catarina, o comandante Miguel de Souza Mello e Alvim, a fundação do povoado no litoral catarinense. O local indicado foi a Enseada das Garoupas, hoje cidade de Porto Belo.

Além de Porto Belo, fizeram parte da Nova Ericeira as cidades de Balneário Camboriú, Bombinhas, Camboriú, Governador Celso Ramos (Ganchos), Itajaí, Itapema, Navegantes, Penha e Tijucas.

Os pescadores ericeirenses trouxeram técnicas pesqueiras, que foram repassadas de geração a geração e contribuiu para o desenvolvimento pesqueiro catarinense.

Ericeira
Local de passagem e instalação dos fenícios há 1000 antes de Cristo, a Ericeira é uma vila turística situada a 35 km a noroeste de Lisboa. Ericeira significa "terra de ouriços", devido aos numerosos ouriços do mar que podiam se encontrados nas suas praias.

terça-feira, 24 de outubro de 2017

Evento lembra os 200 anos da Nova Ericeira em Navegantes

     
       Depois de Bombinhas, foi a vez de Navegantes lembrar os 200 anos da Colônia Nova Ericeira. O evento aconteceu na noite de segunda-feira (23), no Centro Integrado de Cultura (CIC). A iniciativa contou com o apoio da Fundação Cultural de Navegantes.

       O evento teve a exibição do documentário “Ericeira: Um mar de história” e uma roda de conversa com a presença dos jornalistas Magru Floriano, Rogério Pinheiro, da escritora Didymea Lazzaris e dos pesquisadores Isaque de Borba Corrêa, Vilma Mafra e Solon Damásio da Costa, o Bilo.

        O documentário “Ericeira: um mar de história”aborda a instalação da Colônia Nova Ericeira em 1817. Editado pela TV Univali, o curta-metragem foi gravado no litoral catarinense e na vila da Ericeira, em Portugal.
 
        Durante a roda de conversa, a escritora e pesquisadora, Didymea Lazzaris, disse não concordar com a presença dos colonos ericeirenses em Navegantes.

- Foram 101 colonos ericeiros. Antes teve a colonização açoriana. Nas palavras de Oswaldo Cabral foram mais de seis mil açorianos. Para mim, Navegantes e Itajaí têm mais a presença açoriana do que da Ericeira – explica.

         Lazzaris admite que faltam mais pesquisas na área.

 - Faltam pesquisas e quanto mais a gente pesquisar, outros erros vamos encontrar e muito mais vamos acrescentar aquilo que queremos conhecer – ressalta a pesquisadora.

          Já Magru Floriano defende que a povoação de Navegantes e região teve inicio com a Colônia Nova Ericeira.

- O nosso fluxo de povoação vem mais do Sul do que do Norte e por isso falamos tão pouco de São Francisco do Sul. No grosso das coisas o pessoal de São Francisco do Sul subiu a Serra. O pessoal de Penha, o fluxo migratório veio da invasão espanhola à Ilha de Santa Catarina e de Navegantes vem da Colônia Nova Ericeira.
 
 
           Floriano criticou a busca pela origem e defende a pesquisa como base a colonização feita como política de Estado.

- Eu busco algum pronto de reflexão na participação do Estado como projeto político, que eu chamo de colonização. Esse negócio de origem é muito complicado, fazer uma análise tendo como uma base fundamental essa questão de ser (português) açoriano ou ser continental. Isso leva a uma armadilha, como criar manifestações culturais – destaca o jornalista.

          Além de Navegantes, as comemorações dos 200 anos da Nova Ericeira serão realizadas até março de 2018, em mais oito cidades catarinenses. 

terça-feira, 17 de outubro de 2017

Navegantes recebe evento dos 200 anos da Nova Ericeira

Pescadores da Ericeira/Crédito Rogério Pinheiro

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epois de Bombinhas, agora é a vez de Navegantes lembrar os 200 anos da Colônia Nova Ericeira. O evento acontece na próxima segunda-feira (23), às 19h30, no Centro Integrado de Cultura (CIC), após a reunião do Conselho Municipal de Cultura. A iniciativa conta com o apoio da Fundação Cultural de Navegantes. A entrada é grátis.

O evento terá a exibição do documentário Ericeira: Um mar de história e uma roda de conversa com a presença dos jornalistas Magru Floriano, Rogério Pinheiro, do historiador Telmo Tomio, do escritor Cláudio Bersi, da escritora Didymea Lazzaris e dos pesquisadores Isaque de Borba Corrêa, Mauri Spezia, Vilma Mafra e Solon Damásio da Costa, o Bilo.

O documentário Ericeira: um mar de históriaaborda a instalação da Colônia Nova Ericeira em 1817. Editado pela TV Univali, o curta-metragem foi gravado no litoral catarinense e na vila da Ericeira, em Portugal.

            O CIC fica na rua Leonor Maria da Cunha, nº 432, Centro, ao lado do Ginásio de Esportes Domingos Angelino Régis.

Além de Navegantes, as comemorações dos 200 anos da Nova Ericeira serão realizadas até março de 2018, em mais oito cidades catarinenses.

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Roda de conversa marca primeiro encontro dos 200 anos da Nova Ericeira em Bombinhas


Roda de conversa teve a presença de jornalistas e pesquisadores/Foto Isaque de Borba Corrêa

      A cidade de Bombinhas abriu na noite de sexta-feira (22), as comemorações dos 200 anos da Colônia Nova Ericeira. O evento aconteceu durante o “Pirão Cultural”, no Restaurante Rancho da Ana, bairro José Amândio. O destaque ficou por conta de uma roda de conversa, que foi composta por jornalistas e pesquisadores da região de Itajaí. A iniciativa teve o apoio da Fundação Cultural de Bombinhas.
       
      Além da roda de conversa, o documentário “Navegantes”, que aborda a colonização portuguesa no litoral catarinense, foi exibido para um público estimado em 50 pessoas.

      O filme mostra que os descendentes de portugueses têm origem em diversas regiões de Portugal e não só do Arquipélago dos Açores, como é comum ser divulgado hoje.

Documentário "Navegantes" foi exibido durante evento/Foto Fundação Cultural de Bombinhas 
 
      A vila da Ericeira é um exemplo da diversidade lusa em Santa Catarina. No começo do século 19, pescadores da Ericeira fundaram o primeiro empreendimento pesqueiro do Brasil, a Colônia Nova Ericeira.

      O destaque da noite ficou com a roda de conversa, que foi composta pelos jornalistas Magru Floriano, Rogério Pinheiro, Marcinha Ferreira, Alcides Mafra, Thiago Furtado e os pesquisadores Marquinho Pinheiro e Isaque de Borba Corrêa.

             Isaque (à direita) questiona presença açoriana em Santa Catarina/Foto Fundação Cultural de Bombinhas

      Um dos pontos mais polêmicos discutidos na noite foi à presença açoriana em Santa Catarina. Isaque de Borba Corrêa cita o Primeiro Congresso de História Catarinense, que estabeleceu uma identidade açoriana aos catarinenses em 1948.

- Isso foi artificialmente criado pelos intelectuais da Universidade Federal de Santa Catarina para combater a força do gauchismo que começava a entrar em Florianópolis. Dizem que a história é contada por aqueles quem vencem. A Revolução Farroupilha foi uma guerra que eles (gaúchos) perderam. E nós temos que tomar esse exemplo. Eu prego contra o mito açoriano desde os anos 80 – diz.

      Corrêa defende que os catarinenses tenham uma identidade que não seja açoriana.

- Estamos vendendo a nossa cultura por uma identidade que não é a nossa. Os Açores não é um país e estamos trocando a nossa identidade por isso. A maior cidade açoriana do país é Porto Alegre. Não vejo nenhum morador de Porto Alegre dizer que é açoriano – destaca o pesquisador.

Grupo de estudos deve ser formado para discutir presença açoriana/Foto Fundação Cultural de Bombinhas

      Um grupo de estudos deve ser criado para debater a presença portuguesa em Santa Catarina. Além de Bombinhas, outras cidades catarinenses devem ter eventos sobre os 200 anos da Nova Ericeira. O próximo encontro acontece em Navegantes, no dia 30 de outubro. 

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Bombinhas abre comemorações dos 200 anos da Nova Ericeira

Pescadores da Ericeira trouxeram técnicas pesqueiras para o Sul do Brasil/Crédito ICEA
   
     O aniversário de 200 anos da Colônia Nova Ericeira só acontece em março de 2018, mas a data começa a ser lembrada nesta sexta-feira (22), às 19h, durante o “Pirão Cultural”, no Restaurante Rancho da Ana, localizado na rua Leopardo, 571, bairro José Amândio. A entrada é gratuita. 

     O evento terá a exibição do documentário “Navegantes” e uma roda de conversa com os jornalistas Magru Floriano, Marcinha Ferreira, Alcides Mafra, Rogério Pinheiro e os pesquisadores Thiago Furtado, Isadora Manerich e Marquinho Pinheiro. 

     O documentário “Navegantes” aborda a colonização portuguesa no litoral catarinense pelo olhar de seus moradores. O filme mostra que os descendentes de portugueses têm origem em diversas regiões de Portugal e não só do Arquipélago dos Açores, como é comum ser divulgado hoje. O curta-metragem foi gravado em nove cidades de Santa Catarina e foi contemplado pela Lei de Incentivo à Cultura de Navegantes. 

Nova Ericeira
     A Nova Ericeira foi criada oficialmente no dia 18 de março de 1818, em Porto Belo, mas a chegada dos primeiros pescadores da Ericeira (Portugal) ao Sul do Brasil aconteceu um ano antes.

Pescadores em Itajaí (SC) na década de 1970/Crédito Arquivo Público de Itajaí
   
    Fizeram parte da Nova Ericeira as cidades de Balneário Camboriú, Bombinhas, Camboriú, Governador Celso Ramos (Ganchos), Itajaí, Itapema, Navegantes, Penha, Porto Belo e Tijucas. 

     Os pescadores ericeirenses trouxeram técnicas pesqueiras, que foram repassadas de geração a geração e contribuiu para o desenvolvimento pesqueiro catarinense. 

Ericeira 
De vila de pescadores, a Ericeira é hoje um dos balneários mais visitados de Portugal/Crédito Rogério Pinheiro
   
     Local de passagem e instalação dos fenícios há 1000 antes de Cristo, a Ericeira é uma vila turística situada a 35 km a noroeste do centro de Lisboa. Ericeira significa "terra de ouriços", devido aos numerosos ouriços do mar que podiam se encontrados nas suas praias. 

Pirão Cultural 
     O Pirão Cultural é realizado pela Fundação Municipal de Cultura de Bombinhas, as inscrições são gratuitas e devem ser realizadas pelo link: goo.gl/4nkQpq ou pelo telefone (47) 3264-7478. O evento é finalizado com uma degustação à base de pirão e peixe, oferecida pelo restaurante Rancho da Ana. 

     Além de Bombinhas, as comemorações dos 200 anos da Nova Ericeira serão realizadas até março de 2018 em outras nove cidades catarinenses. 

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Navio do século 19 que naufragou no Rio Itajaí-Açu transportava carga frigorificada entre Buenos Aires e Rio de Janeiro

 Imagem Ilustrativa/Naufrágio paquete inglês Slavonia na Ilha das Flores (Açores) em 1909      

         O objeto submerso encontrado nas obras da Bacia de Evolução do Rio Itajaí-Açu trouxe a tona uma parte da história do Brasil que andava esquecida. O objeto pode ser do paquete (navio) frigorifico Pallas, naufragado depois de bater em uma pedra no Rio Itajaí-Açu, em novembro de 1893. O navio foi utilizado pela Marinha durante a Revolta da Armada.
 
Pouco se sabe do paquete Pallas, que pertencia a Companhia Frigorifica e Pastoril Brasileira. As poucas informações a respeito da sua história foram publicadas nos jornais da época.
            O paquete foi construído entre 1891 e 1892 com a finalidade de transportar cargas e também passageiros entre Buenos Aires e Rio de Janeiro. O navio era o menor das seis embarcações da Companhia Frigorifica e considerado o mais moderno da frota. Tinha capacidade para transportar até 500 toneladas de carga frigorificada. No dia 21 de dezembro de 1892, o Jornal Gazeta de Notícias (RJ) publicou uma matéria sobre o navio.
“O paquete Pallas, um dos seis que a companhia possui, é o menor em tamanho, de elegante e sólida construção. Com capacidade para transportar número superior a mil rezes mortas, bois, carneiros, porcos, aves e frutas; além de outro gênero de carga e passageiro”. 
O mesmo jornal destacava a sua construção, que poderia navegar até por rios de baixo calado.  
“A sua construção e tal, que seu calado presta-se a entrada na barra do Rio Grande e navegação nos rios e lagoas do mesmo Estado até Porto Alegre”.
Na mesma matéria, o periódico carioca traz detalhes da câmara frigorifica do paquete e também que a embarcação possuía luz elétrica, um avanço para época.
“Examinamos sua câmara frigorifica e verificamos ser a temperatura na ocasião de oito graus abaixo de zero. Essa temperatura pode ser mais baixa ou elevada, conforme as exigências de ocasião ou de gênero que o paquete transporta. Os mecanismos para produção do frio, do vapor necessário para a marcha do paquete e para produção de luz elétrica são os mais aperfeiçoados e seguros”.
Almoço para mais de 100 convidados
Menos de um ano antes de ir parar no fundo Rio Itajaí-Açu, o Pallas recebeu convidados ilustres para um almoço. O evento serviu para apresentar a nova embarcação da Companhia Frigorifica e Pastoril Brasileira. Entre os convidados estavam oficiais da Marinha, cônsules da Argentina, Uruguai e jornalistas. Entre os jornais que visitara o Pallas, estava à equipe do Jornal do Brasil. A edição do dia 21 de dezembro de 1892 trouxe uma matéria sobre o evento.
Matéria publicada no Jornal do Brasil de 21 de dezembro de 1892

“Convidados pela diretoria da Companhia Frigorifica e Pastoril Brasileira assistimos ontem a bela festa que se realizou a bordo do paquete Pallas, festa que se prolongou-se até às 16h30. Às 10 horas da manhã, partiu do cais Pharoux a barca especial da companhia Ferry, levando os convidados a bordo do Pallas, ancorado perto da Ilha das Enxadas (Baía de Guanabara). Muito mais de 100 pessoas estiveram presentes”.
O almoço tinha no cardápio carnes congeladas no paquete, vinho e champanhe. O que chama atenção mesmo no almoço é a presença do ministro da marinha, Custódio de Melo, que foi um dos líderes da Revolta da Armada (movimento encabeçado pela Marinha contra o governo do presidente Floriano Peixoto). Custódio de Melo vistoriou no dia o paquete, que seria usado pelos revoltosos na tomada de Desterro (Florianópolis).
O naufrágio
Se a festa no paquete Pallas teve destaque em muitos jornais da época, o mesmo não pode dizer da notícia do seu naufrágio.  Apenas o jornal “O Paiz” publicou no dia 23 de novembro uma nota, que outro jornal, o diário argentino “La Nacion  publicou no dia 11 de novembro.  Tudo indica que o naufrágio foi acidental.
Nota de "O Paiz" informou o naufrágio do Pallas em 1893

“Está plenamente confirmada à notícia do naufrágio do paquete frigorifico Pallas. O importante diário buonarense, La Nacion, na sua edição do 11 de novembro, publica a esse respeito o seguinte despacho telegráfico: “O paquete Pallas, da esquadra sublevada, intentando, há poucos dias, entrar à noite na barra do porto de Itajahy, bateu de encontro a uma pedra e naufragou”.
No naufrágio, a tripulação do Pallas conseguiu se salvar. O local onde o navio afundou, no bairro São Pedro, em Navegantes, é conhecido como palas até hoje. Agora resta saber, se os objetos localizados na obra de dragagem na área da nova bacia de evolução dos portos de Itajaí e Navegantes são do Pallas.
Revolta da Armada
Revolta da Armada na Baia da Guanabara em 1893
         Depois que o Marechal Deodoro da Fonseca renunciou a presidência da República, coube ao seu vice Floriano Peixoto, assumir o comando do país. Floriano, que viria a ser conhecido como “Marechal de Ferro” e o consolidador da República, fechou o Congresso Nacional e decretou estado de sítio. Oficias da Marinha não concordaram com a medida e pediram que Floriano obedecesse à constituição de 1891 e convocasse eleições diretas.
A Revolta da Armada começou no dia 6 de setembro de 1893, na baia de Guanabara, liderada por oficiais superiores da armada Saldanha da Gama e Custódio de Melo, que ambicionava substituir Floriano Peixoto.
Ainda em setembro de 1893, os revoltosos apoderaram-se de 18 navios mercantes e rebocadores, entre eles o Pallas.
Soldados no Morro da Armação, Rio de Janeiro, em 1894
O objetivo dos revoltosos era tomar o Porto de Santos, mas à resistência dos santistas fez que o alvo fosse a Ilha de Santa Catarina. Os rebeldes desembarcam em Desterro no dia 2 de outubro de 1893, onde tentaram se aliar com os revoltosos gaúchos partidários do federalismo, porém sem sucesso.
Custódio de Mello, comandando quatro navios mercantes e dois mil homens, tentou, sem sucesso, desembarcar na cidade do Rio Grande. Foi derrotado pelas tropas do governo de Julio de Castilhos. Os revolucionários da Armada estavam vencidos. Custódio refugiou-se na Argentina, onde entregou os navios (fonte: http://brasilianafotografica.bn.br).

Custódio de Melo foi um dos líderes da Revolta da Armada e chegou a visitar o paquete Pallas
Já Saldanha da Gama morreu em combate no 25 de junho de 1895, em Campo Osório (RS).

quinta-feira, 10 de agosto de 2017

História contada na Ericeira pode ter sido inspirada na vida de senador catarinense

Livro aborda história de ericeirense que virou senador no Brasil

No livro “Tia Maria Ásquinha e outras histórias da Ericeira”, o jornalista e escritor Jaime d’Oliveira Lobo e Silva, conhecido como mestre Jaime, conta a história da tia Carapêta e de seus dois filhos. Um deles, segundo Mestre Jaime, viajou para o Brasil, entrou para a Marinha e foi eleito senador do Império.

“O mais velho, pouco depois da morte do pai, embarcou para o Brasil, assentou praça na Armada Brasileira, foi subindo postos, chegou ao de Capitão-de-Mar-e-Guerra, e até foi mais tarde Senador do Império (p. 39)”.

A história que mestre Jaime retrata no livro foi tirada das ruas, contada pelos ericeirenses entre o fim do século XIX e começo do XX. No conto, até mesmo o nome do ericeirense que virou senador no Brasil não é conhecido.

“Não se sabe o nome deste homem, mas diziam muitos marítimos ericeirenses que o conheceram no Brasil, e alguns oficiais da marinha mercante que por vezes o visitavam na sua luxuosa chácara que possuía numa das ilhas de Guanabara, que levava vida de grande senhor, servido por numerosos escravos e onde recebia principescamente os patrícios (p.39)”.

Apesar da história contada na Ericeira, ela pode ter acontecido de fato, não exatamente relatado no livro. A história do senador natural da Ericeira se confunde com a vida do senador catarinense José da Silva Mafra, que conhecia a vila portuguesa.

José da Silva Mafra foi senador do Império do Brasil de 1844 a 1871

José da Silva Mafra nasceu na Vila de Desterro (hoje Florianópolis) no dia 14 de janeiro de 1788. O pai do catarinense, homônimo do senador, nasceu em Mafra por volta de 1740.

Quando veio para o Sul do Brasil, o pai do senador mudou de sobrenome. Em Portugal, os Silva Mafra se chamavam Delgado. No entanto, nenhuma família Delgado foi encontrada nos registros paroquiais de Mafra na época e sim na Ericeira.

Então a possibilidade do pai do senador catarinense ter nascido na Ericeira é grande. Além disso, um registro na Paróquia da Ericeira chama atenção. É de um nascimento de um José, filho de Antônio da Silva Mafra. O nascimento dele é quase na mesma época do senador no Brasil e coloca em dúvida se José da Silva Mafra nasceu mesmo no Brasil.

Outros registros da família do senador sumiram da Paróquia de Desterro depois da invasão espanhola na Ilha de Santa Catarina em 1777. Uma das hipóteses levantadas é que um padre levou todos os registros da igreja de Santo Antônio de Lisboa, local do suposto nascimento do senador catarinense.

José da Silva Mafra seguiu a carreira militar do pai, que era capitão e comandava a 4ª Companhia do Terço de Infantaria Auxiliar da Capitania da Ilha de Santa Catarina.

Começou como soldado na Companhia de Granadeiros do Terceiro Regimento de Linha. Participou das campanhas de 1798 no Rio Grande do Sul, de onde seguiu para o Pará, ainda no mesmo ano. Foi granadeiro e cabo de esquadra.

Silva Mafra tomou parte na conquista da Guiana Francesa, regressando em 1811 como tenente. Foi ainda sargento-mor e comandante da fortaleza de Santa Cruz (SC).

Tenente-coronel em 1823, foi reformado no posto, em 1830. O catarinense foi secretário, vice-presidente da Província de Santa Catarina, além de deputado. Em 1844, foi escolhido senador vitalício do Império do Brasil.

O senador se mudou para a cidade do Rio de Janeiro, então capital do Império e ficou lá até a sua morte em 3 de julho de 1871. Mafra, igual ao filho da Tia Carapêta, tinha propriedades no Rio de Janeiro e possuía muitos escravos.

É provável que tenha recebido muitos ericeirenses em sua propriedade. Os jornais publicados no tempo que foi senador noticiaram a entrada de muitos marinheiros da Ericeira no Porto do Rio de Janeiro.

Entre os oficiais da marinha mercante que pode ter visitado o senador está Francisco da Silva Ericeira, filho de Justino José da Silva, uma dos fundadores da Nova Ericeira.

Mestre Jaime contribuiu para preservação da história da Ericeira

Jaime d’Oliveira Lobo e Silva nasceu na Ericeira a 9 de novembro de 1875 a faleceu a 11 de setembro de 1943. Entre 1909 e 1914, Mestre Jaime escreveu vários artigos para o “Arqueólogo Português” e foi correspondente do jornal “A Mala da Europa”, onde publicou crônicas dos usos e costumes da vida dessa época na Ericeira.

Lobo e Silva foi responsável por organizar o Arquivo Histórico da Santa Casa da Misericórdia da Ericeira e graças a ele muitas histórias permanecem vivas até hoje. 

sexta-feira, 28 de julho de 2017

Nova Ericeira 200 anos


 
A exibição de um documentário e palestras com pesquisadores e historiadores catarinenses marcam as comemorações dos 200 anos de criação da Colônia Nova Ericeira.

O primeiro evento será realizado no dia 22 de setembro, em Bombinhas.
 

Além de Bombinhas, a data será lembrada em outras cidades do litoral catarinense até março de 2018.

A Nova Ericeira foi criada oficialmente no dia 18 de março de 1818, em Porto Belo, mas a chegada dos primeiros pescadores da Ericeira (Portugal) ao Sul do Brasil aconteceu um ano antes.

O legado da Nova Ericeira é encontrado hoje na pesca. Os pescadores ericeirenses trouxeram técnicas pesqueiras, que foram repassadas de geração a geração e contribuiu para que o litoral catarinense se transformasse no maior polo pesqueiro do Brasil.

domingo, 7 de maio de 2017

A Nova Ericeira: Família Simões


 
José Simões não nasceu na Ericeira, mas estava entre os colonos que vieram para Nova Ericeira no século XIX. Filho de Manuel Lopes e Rosa Maria, José era natural da cidade de Peniche. Ele casou no dia 24 de julho de 1790, com a ericeirense Mariana Franca, a Rosinha. Antes de partir para o Brasil, o casal morava na Rua do Carmo, na época conhecida como Casal Don Ana, uma quinta localizada junto ao atual largo de São Sebastião.

Na casa da Rua do Carmo, nasceram sete filhos: Ana (1791), Tereza (1793), Pedro (1798), Félix (1800), Valeriano (1803), Manuel (1806) e Francisco (1808). Apenas Pedro não chegou à vida adulta e morreu no mesmo ano de nascimento.

A família Simões chegou à Nova Ericeira em 1817, junto com a primeira leva de imigrantes portugueses. Eles se estabeleceram em Porto Belo e nas cidades de Bombinhas e Itapema, que faziam parte do município de Porto Belo até a metade do século XX.

Com o fim da colônia nos primeiros anos da década de 1820, alguns ericeirenses resolveram voltar para Portugal. No entanto, a ideia de voltar para a Ericeira não foi bem aceita entre todos.

No caso da família Simões, o patriarca José e os filhos Ana e Félix decidiram ficar. Félix inclusive casou e teve filhos no Brasil. Hoje, seus descendentes povoam Porto Belo e outras cidades que nasceram da Nova Ericeira.

terça-feira, 21 de março de 2017

Os ericeirenses que vieram para o Sul do Brasil: António Lopes da Costa Pacheco


 
Entre as famílias portuguesas que vieram para o Sul do Brasil no século XIX, está a do tesoureiro da antiga Câmara Municipal da Ericeira, António Lopes da Costa Pacheco. Antes de partir para o Brasil, a família Lopes da  morava  na Rua de São Pedro.

Filho de Manuel Lopes e Sebastiana Franca, António nasceu na Ericeira em março de 1768. O ex-funcionário da Câmara da Ericeira casou com Maria Inácia Perpétua de Morais no dia 14 de julho de 1793.

Da união nasceram: Possidónio (31/05/1794), Maria Inácia (06/12/1795), Manuel António (17/12/1797), Manuel (11/03/1798), Josefa (29/06/1802) e Sebastiana Rosa (17/03/1810).

António ficou viúvo antes da viagem para o Sul Brasil No dia 8 de maio de 1815, a esposa Maria Inácia Perpétua de Morais faleceu.

O ex-tesoureiro da Câmara da Ericeira chegou na Enseada das Garoupas, Sul do Brasil, em março de 1819, um ano depois da criação oficial da colônia por Dom João VI. Ele trouxe os filhos Manuel, Possidónio, Maria Inácia, Manuel António, Josefa e Sebastiana Rosa. 

Além dos filhos, António veio para Enseada das Garoupas com parentes de Maria Inácia Perpétua de Morais, no total de doze pessoas, mas isso é assunto para uma próxima postagem.

Lopes da Costa Pacheco e os filhos se estabeleceram na sede da Colônia Nova Ericeira, hoje região central de Porto Belo.

Na colônia, António conheceu outros ericeirenses que vieram para o Sul do Brasil ainda no século XVIII e se estabeleceram em Santo Antônio de Lisboa, freguesia que ficava ao Norte da Ilha de Santa Catarina, hoje a cidade de Florianópolis e capital do Estado de Santa Catarina.

A ideia da colônia surgiu desses ericeirenses mais antigos. Eles conheciam bem a região da Enseada das Garoupas por ter um porto tranquilo.

Existem poucas informações sobre a sua passagem pela Colônia Nova Ericeira, mas ele e o filho Manuel foram os únicos da família que permaneceram no Brasil. Os outros filhos retornaram para Ericeira em 1821.

Não existem dados oficiais da colônia na Ericeira e nem da viagem de seus moradores ao Brasil. Um dos documentos que faz menção é do padre Manuel Maria Ferreira (1857-1889), que organizou um cadastro das famílias naturais e moradoras da Ericeira de 1750 a 1889.  

No cadastro aparece apenas que António Lopes da Costa Pacheco e o filho faleceram na Ilha Garoupas, Brasil. Na verdade, o padre Manuel Ferreira se referia a Enseada das Garoupas.

Segundo o escritor e jornalista português, Jaime de Oliveira Lobo e Silva (1875-1943), conhecido na Ericeira como mestre Jaime, o padre Manuel Ferreira foi responsável pela reorganização dos registros paroquiais da Ericeira na segunda metade do século XIX.

“Possuía apreciáveis qualidades de arquivista e paleógrafo, pelo que reorganizou o cartório e arquivo da igreja e paróquia a seu cargo.Com a sua letra muito certinha, igual e bem legível, copiou todos os velhos documentos da igreja de São Pedro da Ericeira, tais como: testamentos, cartas de sentença, títulos de aforamento, cartas de arrematação, etc., etc., salvando do olvido e da destruição muitos documentos antigos e curiosos, pelo que nunca serão demais os louvores que se lhe tributem”, escreveu mestre Jaime.  

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

A Nova Ericeira: Justino José da Silva

 
                                                                                                                                                                Enseada das Garoupas
 

A Colônia Nova Ericeira surgiu no dia 18 de março de 1818, pelo decreto régio de Dom João VI. Apesar de ter uma data oficial de criação, a ideia começou a ser geminada bem antes e próximo a Enseada das Garoupas, litoral de Santa Catarina.


Antes da chegada dos primeiros colonos em 1817, ericeirenses e outros portugueses já residiam na freguesia de Santo Antônio de Lisboa, Norte da Ilha de Santa Catarina.


Por estar próximo a Enseada das Garoupas, é provável que eles conheciam a região e deram a ideia para a criação de um empreendimento pesqueiro no local.


Formado por uma bacia de águas tranquilas, a Enseada das Garoupas já era conhecida por navegadores desde o século XVI. Sempre esteve nos planos do governo português para a construção de um porto ou uma base naval.

Além da tranquilidade para aportar embarcações, outros fatores como a quantidade de peixes e a posição estratégica também contribuíram para criação de uma colônia pesqueira no local. Mais nada seduziu a corte portuguesa do que povoar a região.
 
                                                                                                                                                   Santo Antônio de Lisboa

A Enseada das Garoupas ficava entre as duas principais cidades de Santa Catarina na época: Desterro e São Francisco do Sul. Era uma região pouco habitada e ameaçada constantemente por invasões, principalmente dos espanhóis. A Espanha chegou a invadir Desterro em 1777, mas sem sucesso.

Com todos esses fatores a favor, surgiu à ideia, que ganhou folego depois que o ex-funcionário da antiga Câmara Municipal da Ericeira, Justino José da Silva, tomou a iniciativa. Justino chegou na Enseada das Garoupas junto com os outros ericeirenses em 1817, um ano antes da criação da colônia.

Silva não era pescador, mas conhecia bem os pescadores da Ericeira e também o potencial da Enseada das Garoupas para pesca. É provável que Justino José da Silva tivesse contato com esses ericeirenses que viviam em Santo Antônio de Lisboa e que eles ajudaram na criação da Colônia Nova Ericeira em 1818.

Mas quem era o ex-funcionário da Câmara Municipal da Ericeira?

Filho de José da Silva e Maria Joaquina, Justino José da Silva nasceu na Ericeira, no dia 22 de dezembro de 1765. Justino morava na Rua do Mendes Leal antes de embarcar rumo ao Sul do Brasil.

Ele casou com Caetana da Costa Fialho e teve os seguintes filhos: Maria Caetana (08/09/1797), Francisco (06/04/1800) e Ana. O casamento, bem como o nascimento da filha Ana não foram registrados na Ericeira.

Justino e a família viajaram para o Brasil e chegaram na Enseada das Garoupas em 1817, junto com o primeira leva de imigrantes. Eles permaneceram na Nova Ericeira até 1821.

Entre os prováveis motivos que fizeram o ex-funcionário da Câmara Municipal da Ericeira retornar para Portugal estão atrasos na distribuição das terras e na compra das rascas (barcos) parar os pescadores.

Justino faleceu no dia 17 de maio de 1827 e a esposa Caetana no dia 26/12/1835. As filhas Maria Caetana e Ana Bárbara casaram em 22/05/1822 e 23/09/1827, respectivamente. Francisco José da Silva "Ericeira" casou com a Maria Salomé da Silva Franco e teve sete filhos, todos batizados na Ericeira.


           Francisco José da Silva foi presidente da Câmara Municipal da Ericeira e administrador do Conselho, que foi extinto em 1855. Ele faleceu no dia 15 de janeiro de 1871.