quinta-feira, 29 de outubro de 2020

O dia que o patriarca da Independência tentou ser governador de Santa Catarina


      José Bonifácio de Andrada Silva viajou para Portugal em 1883, quando tinha 20 anos. Filho de uma família rica de Santos, litoral de São Paulo, o jovem brasileiro foi estudar na Universidade de Coimbra, onde se formou em Direito, Filosofia e Matemática. Percorreu a Europa em expedições científicas e fez uma carreira sólida em Portugal. 

      Cansado e com saudade da sua terra natal, Bonifácio pediu muitas vezes para voltar ao Brasil sem perder seus rendimentos. Em uma dessas solicitações, em 1812, sugeriu que dessem a ele a administração da então Capitania de Santa Catarina. Entre as atividades que pretendia exercer estava a pesca. 

José Bonifácio tentou ser governador de Santa Catarina para voltar ao Brasil 

      De tanto insistir, José Bonifácio conseguiu finalmente autorização para retornar sem perder seus rendimentos. Ele viajou no final de 1819, praticamente na mesma época que os colonos da Ericeira (Portugal) chegaram no Brasil. A ligação com o armador da Ericeira, Justino José da Silva, fundador da Colônia Nova Ericeira, pode ter facilitado o retorno. Justino tinha muitos contatos na Corte Portuguesa, além de ser amigo de Dom João VI.

terça-feira, 27 de outubro de 2020

Nova Ericeira

“Eu sou peixeira Sou a nova Ericeira Santa Catarina inteira Vim aqui representar...” Em junho de 2019, o grupo Tarrafa Elétrica lançou o álbum digital “Cardume”. Entre as oito faixas do álbum, está à canção Nova Ericeira. Além dos vocais de Evandro Che e Rívia Mickaelly, a música conta também com a participação do Grupo de Percussão de Itajaí.

quinta-feira, 22 de outubro de 2020

A Independência da pesca no Brasil

     Desde 1785, um decreto permitia apenas a armadores portugueses a exploração pesqueira no país. O tempo passou, o Brasil se tornou independente de Portugal em 1822, proclamou a república em 1889 e o decreto permaneceu válido sem que nenhum governo se preocupasse com o setor pesqueiro. A mudança veio 154 anos depois, em 1939, com o decreto do presidente Getúlio Vargas proibindo estrangeiros de explorar profissionalmente a pesca.

    A primeira tentativa de autonomia foi à criação da Colônia Nova Ericeira em 1819. O primeiro empreendimento pesqueiro do Brasil só ganhou a benção de Dom João VI por ser uma ideia de um português, o armador da Ericeira, Justino José da Silva, que tinha bons contatos na Corte Portuguesa. Silva também não tinha muitas pretensões com a pesca no Brasil e sua preocupação era recuperar seu prestigio político perdido em Portugal.

    No ano que foi oficialmente instalada o primeiro empreendimento pesqueiro nacional, os portugueses abasteciam os grandes centros urbanos do país com peixe salgado. Sem planejamento e prejudicado com a concorrência desleal dos armadores de Portugal, que ganharam alíquota zero nos impostos para exportar pescados ao Brasil, a Nova Ericeira foi extinta em 1824.

    Na década de 1830, o governo brasileiro autorizou a criação de uma nova colônia pesqueira, agora comandada por brasileiros. A colônia foi aberta no Arquipélago de Abrolhos, na Bahia, destinada à pesca da garoupa e teve o mesmo fim da Nova Ericeira.

    Em 1846, aconteceu o primeiro registro dos pescadores do Brasil. Vinte anos depois apareceram as primeiras indústrias de salga no país. Mesmo em 1866, a concorrência estrangeira, principalmente portuguesa, dominava o setor pesqueiro de norte ao sul do país.

                                                  Cais do Porto de Porto Alegre, século XIX/Pinterest

 

Independência da pesca no Brasil

    Mesmo com a Proclamação da República em 1889, o cenário continuou o mesmo. Tudo começou a mudar depois da Primeira Guerra Mundial, quando foram criadas as primeiras colônias de pescadores no Brasil. Fundada a partir de 1919, a entidade foi uma iniciativa da Marinha de Guerra. Além de defender a costa brasileira, as colônias tinham a função também de suprir a produção de pescado no Brasil, que até o começo do século XX exportava parte do peixe capturado.

   Antes da criação da Confederação dos Pescadores do Brasil em 1920, a relação do Estado com pescadores se caracterizava pelo assistencialismo. O governo brasileiro prestava serviços gratuitos em embarcações, doava redes e oferecia serviços de saúde. Com objetivo de treinar, militarizar e cultivar o civismo entre os jovens, o Estado ainda construiu escolas para os filhos dos pescadores, que receberam o nome de “Escoteiros do Mar”.

    No primeiro dia de 1923, a Marinha oficializou o estatuto das colônias de pescadores. As colônias ficaram definidas como agrupamento de pescadores ou agregados associativos. Para poder desenvolver a atividade os pescadores precisavam se matricular nas colônias.

    Com o Estado Novo da Era Vargas, os pescadores deixaram de estar subordinados ao Ministério da Marinha e passaram para controle do Ministério da Agricultura. O decreto nº 23.134/33, que instituiu a Divisão de Caça e Pesca, foi uma das mudanças que setor pesqueiro passou na época. O objetivo era gerenciar a pesca no país.

   Em 1934, uma nova mudança. Os pescadores deixaram de receber ordens do Ministério da Agricultura e ficaram dependentes da Divisão de Caça e Pesca.

    A independência definitiva da pesca no Brasil foi proclamada por Getúlio Vargas no dia 27 de outubro de 1939, por meio do decreto-lei 1.708:

“Somente aos brasileiros é facultado exercer e explorar profissionalmente a pesca, referindo-se igualmente aos armadores, administração das sociedades civis, comerciais ou industriais que explorem a pesca”.

segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Os 25 que voltaram à Ericeira

Entre 1819 e 1821, aproximadamente 400 moradores da Ericeira deixaram suas vidas para trás para começar uma nova no Sul do Brasil. Enfrentaram uma viagem marítima incerta e cansativa. Depois de três meses no mar, chegaram à Enseada das Garoupas, em Santa Catarina. Isolados e longe de tudo, tiveram que lidar com falta de moradias e doenças como malária e febre amarela, tudo isso dentro de um ambiente insalubre, sem saneamento, água potável e alimentos. Começava assim a história da Colônia Nova Ericeira, o primeiro empreendimento pesqueiro do Brasil.

O tempo passou e as dificuldades aumentaram. As sesmarias entregues simbolicamente no primeiro dia, somente foram registradas nos nomes dos colonos em agosto de 1821, quando a colônia caminhava para o seu fim. A ajuda de custo até foi paga, mas chegava a conta-gotas e com atraso. O que nunca apareceu mesmo foram os barcos para a pesca marítima, as famosas rascas da Ericeira.

A tão sonhada independência financeira não veio, mas sim, a do Brasil em 7 de setembro de 1822. A separação criou um abismo entre Brasil e Portugal, que se refletiu nos projetos portugueses no Brasil, entre eles a Nova Ericeira. Além da Independência, a falta de planejamento, gerenciamento e principalmente a corrupção ajudaram a colônia naufragar antes mesmo do primeiro barco de pesca entrar no mar.

Com o fim à vista, muitos abandonaram a Enseadas das Garoupas e retornaram a Portugal. Quem tinha condições financeiras conseguiu fazer a viagem ainda em 1821. No entanto, a maioria não teve a mesma sorte. Lembrando que a passagem de ida foi paga pelo governo português. Os que ficaram foram obrigados a jurar obediência à causa da independência e tiveram que usar uma braçadeira de cor verde e amarela como prova de patriotismo. Depois de 1822, muitos colonos foram expulsos de suas terras e morreram na miséria.

Dos 400 moradores da Ericeira que vieram para a Enseada das Garoupas em 1819, apenas 25 conseguiram voltar a Portugal. Entre eles estava o fundador da Colônia Nova Ericeira, Justino José da Silva. Seu filho, Francisco José da Silva Ericeira, também deixou à colônia em 1821, mas depois de morar por quase dez anos no Rio de Janeiro, retornou a sua terra natal, onde foi presidente da Câmara Municipal e administrador do antigo Concelho da Ericeira.

O primeiro padre da colônia, Manuel Franco Serreiro, também estava lista, bem como os filhos do ex-tesoureiro da antiga Câmara Municipal da Ericeira, António Lopes da Costa Pacheco, Possidónio Lopes de Miranda e António Lopes da Costa Pacheco Filho. Já o pai e mais um filho resolveram ficar na Nova Ericeira. Outro morador que resolveu partir foi Felisberto Franco de Matos, rico negociante da Ericeira na época.

quinta-feira, 1 de outubro de 2020

O esquema de corrupção que pôs fim ao primeiro empreendimento pesqueiro do Brasil

O dinheiro desviado seria usado na compra de barcos de pesca, por exemplo, as rascas, embarcações típicas da Ericeira
O dinheiro desviado seria usado na compra de barcos de pesca, por exemplo, as rascas, embarcações típicas da Ericeira

No dia 25 de março de 1818, Dom João VI assinou o decreto que criava a Colônia Nova Ericeira, o primeiro empreendimento pesqueiro do Brasil. Instalada na Enseada das Garoupas, litoral de Santa Catarina, a colônia recebeu no ano seguinte os pescadores, que vieram da Ericeira, uma vila portuguesa próxima a capital Lisboa. Chegaram também outras centenas de portugueses e brasileiros de outras partes do país.

         Na teoria, a colônia tinha tudo para ser um empreendimento de sucesso. O litoral brasileiro se encontrava inexplorado e com grandes cardumes à espera dos primeiros barcos. A Nova Ericeira prometia suprir o mercado interno de pescado no Brasil, que naquela época estava nas mãos dos armadores portugueses. Além abastecer o mercado interno, o empreendimento pesqueiro também iria gerar milhares de empregos e movimentar a economia de Santa Catarina.

         Entre 1818 e 1822, ano da Independência do Brasil, o governo português investiu uma pequena fortuna na colônia. O dinheiro deveria ser usado para compra de terras, casas e no auxilio financeiro dos colonos até que os barcos ficassem prontos. Foi disponibilizado um valor que daria para comprar cerca de 20 barcos de pesca.

O tempo passou e para revolta dos colonos nenhuma embarcação foi entregue. Ofereceram por empréstimo um barco velho “caindo aos pedaços”, que foi recusado. Os pescadores teriam que bancar a manutenção do barco e entregar parte do pescado capturado ao governo catarinense. Os colonos também ficaram insatisfeitos com a distribuição das terras, que além do atraso para receber o certificado de posse, estavam localizadas bem longe do mar.  

O governo que injetou milhões na colônia foi incapaz de administrá-la. Sem controle, caiu nas mãos de um grupo político, que montou um esquema de corrupção. Os barcos até apareceram, mas não foram usados no empreendimento pesqueiro e sim para os negócios de uma família tradicional catarinense. As terras também tiveram o mesmo destino.

A Colônia Nova Ericeira foi extinta em 1824 e substituída pela vila de Porto Belo. Dos cerca de 400 colonos que vieram da Ericeira, apenas 25 conseguiram retornar a Portugal. Os que ficaram foram expulsos de suas terras e muitos morreram na pobreza extrema. Outros conseguiram ainda arrumar emprego em barcos de pesca na cidade do Rio Janeiro.

Com o fim da colônia, o grupo político que lapidou os recursos destinados à compra de terras e barcos de pesca, fez de tudo para destruir provas e colocar a culpa nos pescadores. Os colonos da Nova Ericeira ficaram conhecidos na história como vagabundos, preguiçosos, que vieram de Portugal para ganhar dinheiro sem trabalhar. E, na verdade, foram as principais vítimas. Acabaram esquecidos pela história oficial, bem como o dinheiro desviado pelo grupo político.

Os bastidores desse esquema de corrupção estão no livro-reportagem “1818 — A história da colônia criada por Dom João VI que foi alvo de disputa entre brasileiros e portugueses no século XIX”. A obra está disponível nas livrarias Catarinense e no site da Amazon: https://www.amazon.com.br/dp/B082XG39K4 

terça-feira, 29 de setembro de 2020

Santo Antônio de Lisboa

Além da Ericeira, parte dos colonos da Colônia Nova Ericeira teve origem em Santo Antônio de Lisboa, em Florianópolis. Muito antes da criação da colônia em 1818, a então freguesia de Desterro (Florianópolis) já abrigava ericeirenses. Como eles chegaram até lá ainda é um grande mistério. O pedido de compra dos mantimentos para receber os colonos foi feito pela Câmara de Desterro, por meio de um morador de Santo Antônio de Lisboa em 1817.

A história completa da ligação de Santo Antônio de Lisboa com a Nova Ericeira está no livro “1818 — A história da colônia criada por Dom João VI que foi alvo de disputa entre brasileiros e portugueses no século XIX”. A obra está disponível nas livrarias Catarinense e no site da Amazon: https://www.amazon.com.br/dp/B082XG39K4  

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

Os personagens da Nova Ericeira

Nove personagens que fizeram parte da história da Colônia Nova Ericeira. Da esquerda para a direita: Antônio de Menezes Vasconcellos Drummond, José Bonifácio de Andrada e Silva, Agostinho Alves Ramos, Diogo Duarte Silva, Francisco José da Silva Ericeira, José da Silva Mafra, Manoel Joaquim de Almeida Coelho, Marcos Antônio da Silva Mafra e Miguel de Souza Mello e Alvim.

quinta-feira, 16 de julho de 2020

A casa da rua da Lampadoza

Avenida Passos (antiga rua da Lampadoza) em 1920/Arquivo Público do Rio de Janeiro

A residência nº 34 da rua da Lampadoza (atual Avenida Passos), na cidade do Rio de Janeiro, pertencia ao médico alagoano Alexandre José de Mello Moraes. Além de médico homeopata, Moraes foi escritor, historiador e celebre biógrafo de personalidades brasileiras. No sótão da casa nº 34, Moraes guardava documentos históricos e muitos livros.

O historiador alagoano ficou conhecido antes de 1860 por publicar um livro sobre a genealogia das principais famílias brasileiras. Mello Moraes foi biógrafo de Antônio de Menezes de Vasconcellos Drummond e ajudou na publicação das memórias do carioca em 1864. Drummond viajou em 1820 para então Província de Santa Catarina para supervisionar projetos da corte portuguesa, entre eles a Colônia Nova Ericeira.

Alexandre José de Mello Moraes contribuiu com diversas doações de livros para bibliotecas das províncias. Em março de 1860, por exemplo, enviou 266 livros para Santa Catarina. Moraes faleceu no dia 5 de setembro de 1882, na cidade do Rio de Janeiro. 

Médico homeopata, historiador e biógrafo, Alexandre José de Mello Morares colecionava livros e documentos históricos

        A ligação da casa nº 34 da rua Lampadoza com a Nova Ericeira pode ser conferida no livro “1818 — A história da colônia criada por Dom João VI que foi alvo de disputa entre brasileiros e portugueses no século XIX”, de autoria do jornalista Rogério Pinheiro. A obra está disponível nas livrarias Catarinense e no site da Amazon.

quarta-feira, 8 de julho de 2020

Os Lusíadas e a Nova Ericeira

A primeira edição de "Os Lusíadas" foi impresso em 1572. Crédito: Biblioteca Nacional/Reprodução 

No dia 17 de novembro de 1889, o imperador Dom Pedro II fugiu com a família real para a Europa. Antes de partir para o exílio, o imperador pediu que trouxessem um exemplar de “Os Lusíadas”, que ganhara do senador catarinense José da Silva Mafra. O livro pertencia a Luís de Camões e foi dado de presente quando o imperador visitou Desterro (atual Florianópolis) em 1845.

A amizade entre o imperador e Silva Mafra começou depois do presente raro”. No começo de 1845, ele foi escolhido senador por Pedro II em uma lista tríplice. O nome foi indicado por um ex-ministro da Marinha e conterrâneo do senador. Com “Os Lusíadas”, José da Silva Mafra Silva Mafra se tornou frequentador assíduo do Palácio de São Cristóvão.

O mesmo “Os Lusíadas”, que abriu as portas do Palácio de São Cristóvão ao senador José da Silva Mafra, é alvo de uma grande polêmica. Outra versão da história mostra que o verdadeiro dono do livro foi o frei José de São Boaventura Cardoso, que defendeu o irmão de Dom Pedro I, Dom Miguel, na Guerra Civil Portuguesa (1832/1834).

Com a suspensão das ordens religiosas em Portugal e também por defender o lado perdedor, Cardoso se mudou para Desterro (Florianópolis) e levou consigo a obra rara. Por quase dez anos o exemplar de “Os Lusíadas” circulou pela capital catarinense sem ninguém soubesse.

O livro “1818 — A história da colônia criada por Dom João VI que foi alvo de disputa entre brasileiros e portugueses no século XIX”, de autoria do jornalista Rogério Pinheiro, conta essa história e a ligação com a Colônia Nova Ericeira. A obra está disponível nas livrarias Catarinense e no site da Amazon.

terça-feira, 7 de julho de 2020

A vida dupla do herói da Ericeira


Francisco José da Silva Ericeira/Ilustração Daniel Manfredini

Na Ericeira, em Portugal, Francisco José da Silva Ericeira é considerado um herói. Bairrista ferrenho, ele foi presidente da Câmara Municipal da Ericeira e administrador do Concelho (extinto em 1855). Como administrador promoveu a construção da estrada para Mafra e estabeleceu carreiras semanais regulares de ônibus (autocarro) da Ericeira para Lisboa. Por conta própria abriu um hotel, tornando-se pioneiro no turismo jagoz (ericeirense). Francisco José foi também o primeiro capitão do Porto da Ericeira.

O capitão nasceu em 1800 e era filho de Justino José da Silva, rico armador e com influência na corte portuguesa, principalmente com Dom João VI. Justino foi o fundador da Colônia Nova Ericeira no Sul Brasil, onde pretendia organizar não só uma colônia de pescadores e sim um novo município. 

A vida do Ericeira é contada depois dos 30 anos. Ele retornou para Portugal no começo da década de 1830 para lutar ao lado do amigo Dom Pedro I (Pedro IV em Portugal) contra Dom Miguel na Guerra Civil Portuguesa (1832/1834). Com a vitória do liberal Pedro I, Francisco José se estabeleceu na Ericeira e construiu a imagem de herói bairrista.

Antes de 1830, pouco se sabe da vida do velho capitão. Francisco José nunca contou que viajou em 1819 com o pai para fundar uma colônia pesqueira no Sul do Brasil. Na Ericeira, a história contada é que depois de seguir a carreira de oficial de Marinha Mercante, retornou à terra natal. Não existe nenhum documento na vila portuguesa que indique a viagem que fez ao Brasil em setembro de 1819.

Porto do Rio de Janeiro em 1860. Extraído de uma litografia de Victor Frond

        Francisco viajou com a família para a Enseada das Garoupas, em Santa Catarina, onde chegou com os outros colonos no dia 30 de dezembro de 1819. Ficou lá por quase dois anos. No final de 1821, se estabeleceu na cidade do Rio de Janeiro e depois em Campos, no norte fluminense. Permaneceu no Brasil como mestre de embarcações quase dez anos.  Mesmo depois de retornar a Portugal visitou o Rio de Janeiro outras vezes.  

A história completa da vida dupla do velho capitão pode ser conferida no livro “1818 — A história da colônia criada por Dom João VI que foi alvo de disputa entre brasileiros e portugueses no século XIX”, de autoria do jornalista Rogério Pinheiro. A obra está disponível nas livrarias Catarinense e na Amazon https://www.amazon.com.br/dp/B082XG39K4

segunda-feira, 6 de julho de 2020

Livro conta os bastidores da criação da Colônia Nova Ericeira



Uma pequena parte da história do Brasil começa a ser redescoberta com a publicação do livro “1818 — A história da colônia criada por Dom João VI que foi alvo de disputa entre brasileiros e portugueses no século XIX”. De autoria do jornalista Rogério Pinheiro, a obra lançada no final de 2019, está disponível nas livrarias Catarinense e no site da Amazon.

O livro traz os bastidores da criação da Colônia Nova Ericeira em 1818 e a guerra que se travou entre brasileiros e portugueses pelo seu controle. Na obra, o autor aborda também a atuação de um grupo político catarinense, que montou um sofisticado esquema de corrupção para desviar os recursos destinados à compra de terras e barcos de pesca.

A Colônia Nova Ericeira foi criada por ordem de Dom João VI, no dia 25 de março de 1818, na Enseada das Garoupas, hoje a cidade de Porto Belo. Ao todo cerca de 400 pessoas vieram da freguesia da Ericeira (Portugal), distante 40 quilômetros de Lisboa. Fizeram parte da colônia as cidades de Balneário Camboriú, Balneário Piçarras, Barra Velha, Bombinhas, Camboriú, Governador Celso Ramos, Itajaí, Itapema, Navegantes, Penha, Porto Belo e Tijucas.

Curiosidades

O livro traz muitas curiosidades, por exemplo, a participação de José Bonifácio de Andrada e Silva no processo de criação da Nova Ericeira. O patriarca da Independência do Brasil conhecia o litoral catarinense, a Ericeira e chegou a escrever um estudo pesqueiro em 1812.

        José Bonifácio de Andrada e Silva. Quadro de Benedito Calixto de Jesus

Outra curiosidade está relacionada com “Os Lusíadas”. Em 1845, um senador catarinense presenteou o imperador Dom Pedro II com o livro, que pertenceu ao próprio Luís de Camões. A obra rara está envolta em uma grande polêmica e quase gerou uma crise diplomática entre o Brasil e Portugal na década de 1970. O senador foi o chefe do grupo político responsável por desviar os recursos da Nova Ericeira.

Pesquisa

Para produzir o livro-reportagem foram analisados mais de 10 mil documentos, entre registros paroquiais, periódicos, artigos e livros. Em Portugal, foram realizadas pesquisas in loco no Arquivo da Torre do Tombo em Lisboa, no Arquivo Público Dom Pedro V em Mafra e da Santa Casa de Misericórdia da Ericeira. No Brasil, as pesquisas foram centradas nos arquivos públicos do Estado de Santa Catarina, Municipal de Florianópolis e Municipal de Itajaí, além do acervo digital da Biblioteca Nacional e da Hemeroteca Catarinense.

O autor

     Jornalista formado pela Universidade do Vale do Itajaí (Univali), Rogério Pinheiro é paulista da cidade de Guarujá (SP), mas reside há mais de 20 anos em Navegantes (SC). Já trabalhou em jornais e rádios do Litoral Norte catarinense. É autor do livro “A Nova Ericeira” e dos documentários “Ericeira: um mar de história” e “Navegantes”. Trabalha atualmente como produtor cultural, pesquisador e editor independente.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

Livro revela que fundadores de Itajaí tiveram participação ativa na Colônia Nova Ericeira

Agostinho Alves Ramos/Arquivo Público de Itajaí

Em 1820, o carioca Antônio de Menezes Vasconcellos Drummond esteve em Itajaí para fundar uma colônia que durou pouco tempo. Três anos depois, foi a vez do comerciante português Agostinho Alves Ramos se estabelecer onde é hoje o bairro Itaipava. O carioca e o português são considerados os fundadores de Itajaí. Drummond e Ramos tiveram participação ativa na Colônia Nova Ericeira, é o que revela o livro “1818”, que será lançado neste sábado (15), às 11h, no Museu Histórico de Itajaí.

Além do lançamento do livro, o evento contará também com uma roda de conversa. O bate-papo sobre a Nova Ericeira terá a participação de historiadores, pesquisadores e jornalistas de Itajaí e região. Durante o evento será apresentado um estudo que comprova a ligação de Itajaí com a Colônia Nova Ericeira e sua importância para o desenvolvimento pesqueiro do município.

Antônio de Menezes Vasconcellos Drummond/Ilustração Daniel Manfredini

        O livro “1818 — A história da colônia criada por Dom João VI que foi alvo de disputa entre brasileiros e portugueses no século XIX”, de autoria do jornalista Rogério Pinheiro, conta a trajetória da Nova Ericeira desde 1818 até a metade do século XIX.

Com 180 páginas, a obra traz os bastidores da criação da colônia em 1818 e a guerra que se travou entre brasileiros e portugueses pelo seu controle. O livro revela muitas curiosidades, por exemplo, a história de um exemplar raro de “Os Lusíadas”, que circulou por Santa Catarina no século XIX e pertenceu ao próprio Luís de Camões.

A Colônia Nova Ericeira foi criada por ordem de Dom João VI, no dia 25 de março de 1818, na Enseada das Garoupas, hoje a cidade de Porto Belo. Ao todo cerca de 400 pessoas vieram da freguesia da Ericeira (Portugal), distante 40 quilômetros de Lisboa. Fizeram parte da colônia as cidades de Balneário Camboriú, Balneário Piçarras, Barra Velha, Bombinhas, Camboriú, Governador Celso Ramos, Itajaí, Itapema, Navegantes, Penha, Porto Belo e Tijucas.

domingo, 9 de fevereiro de 2020

Museu Histórico de Itajaí recebe roda de conversa e lançamento do livro 1818



Há mais de 200 anos, Itajaí fez parte da Colônia Nova Ericeira, empreendimento pesqueiro criado em março de 1818 no litoral catarinense. Para comemorar a data, uma roda de conversa será realizada no salão nobre do Museu Histórico de Itajaí, no próximo sábado (15), às 11 horas. Além do bate-papo, acontece também o lançamento do livro “1818”, que conta os bastidores da criação da Nova Ericeira. A entrada é gratuita.

A roda de conversa terá a participação de historiadores, pesquisadores e jornalistas de Itajaí e região. Durante o evento será apresentado um estudo que comprova a ligação de Itajaí com a Colônia Nova Ericeira e sua importância para o desenvolvimento pesqueiro do município.

A trajetória da Nova Ericeira é contada no livro “1818 — A história da colônia criada por Dom João VI que foi alvo de disputa entre brasileiros e portugueses no século XIX”, de autoria do jornalista Rogério Pinheiro. O livro, de 180 páginas, traz os bastidores da criação da colônia em 1818 e a guerra que se travou entre brasileiros e portugueses pelo seu controle.

A Colônia Nova Ericeira foi criada por ordem de Dom João VI, no dia 25 de março de 1818, na Enseada das Garoupas, hoje a cidade de Porto Belo. Ao todo cerca de 400 pessoas vieram da freguesia da Ericeira (Portugal), distante 40 quilômetros de Lisboa. Fizeram parte da colônia as cidades de Balneário Camboriú, Balneário Piçarras, Barra Velha, Bombinhas, Camboriú, Governador Celso Ramos, Itajaí, Itapema, Navegantes, Penha, Porto Belo e Tijucas.