Uma
pequena parte da história do Brasil começa a ser redescoberta com a
publicação do livro “1818 — A história da colônia criada por Dom João VI que
foi alvo de disputa entre brasileiros e portugueses no século XIX”. De autoria
do jornalista Rogério Pinheiro, a obra lançada no final de 2019, está disponível
nas livrarias Catarinense e no site da Amazon.
O
livro traz os bastidores da criação da Colônia Nova Ericeira em 1818 e a guerra
que se travou entre brasileiros e portugueses pelo seu controle. Na obra, o
autor aborda também a atuação de um grupo político catarinense, que montou um
sofisticado esquema de corrupção para desviar os recursos destinados à compra
de terras e barcos de pesca.
A
Colônia Nova Ericeira foi criada por ordem de Dom João VI, no dia 25 de março
de 1818, na Enseada das Garoupas, hoje a cidade de Porto Belo. Ao todo cerca de
400 pessoas vieram da freguesia da Ericeira (Portugal), distante 40 quilômetros
de Lisboa. Fizeram parte da colônia as cidades de Balneário Camboriú, Balneário
Piçarras, Barra Velha, Bombinhas, Camboriú, Governador Celso Ramos, Itajaí,
Itapema, Navegantes, Penha, Porto Belo e Tijucas.
Curiosidades
O
livro traz muitas curiosidades, por exemplo, a participação de José Bonifácio
de Andrada e Silva no processo de criação da Nova Ericeira. O patriarca da
Independência do Brasil conhecia o litoral catarinense, a Ericeira e chegou a
escrever um estudo pesqueiro em 1812.
José Bonifácio de Andrada e Silva. Quadro de Benedito Calixto de Jesus |
Outra
curiosidade está relacionada com “Os Lusíadas”. Em 1845, um senador catarinense
presenteou o imperador Dom Pedro II com o livro, que pertenceu ao próprio Luís
de Camões. A obra rara está envolta em uma grande polêmica e quase gerou uma
crise diplomática entre o Brasil e Portugal na década de 1970. O senador foi o
chefe do grupo político responsável por desviar os recursos da Nova Ericeira.
Pesquisa
Para
produzir o livro-reportagem foram analisados mais de 10 mil documentos, entre
registros paroquiais, periódicos, artigos e livros. Em Portugal, foram
realizadas pesquisas in loco no Arquivo da Torre do Tombo em Lisboa, no Arquivo
Público Dom Pedro V em Mafra e da Santa Casa de Misericórdia da Ericeira. No
Brasil, as pesquisas foram centradas nos arquivos públicos do Estado de Santa
Catarina, Municipal de Florianópolis e Municipal de Itajaí, além do acervo
digital da Biblioteca Nacional e da Hemeroteca Catarinense.
O
autor
Jornalista formado pela
Universidade do Vale do Itajaí (Univali), Rogério Pinheiro é paulista da cidade
de Guarujá (SP), mas reside há mais de 20 anos em Navegantes (SC). Já trabalhou
em jornais e rádios do Litoral Norte catarinense. É autor do livro “A Nova
Ericeira” e dos documentários “Ericeira: um mar de história” e “Navegantes”.
Trabalha atualmente como produtor cultural, pesquisador e editor independente.
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