Entre
1819 e 1821, aproximadamente 400 moradores da Ericeira deixaram suas vidas para
trás para começar uma nova no Sul do Brasil. Enfrentaram uma viagem marítima
incerta e cansativa. Depois de três meses no mar, chegaram à Enseada das Garoupas,
em Santa Catarina. Isolados e longe de tudo, tiveram que lidar com falta de
moradias e doenças como malária e febre amarela, tudo isso dentro de um
ambiente insalubre, sem saneamento, água potável e alimentos. Começava assim a
história da Colônia Nova Ericeira, o primeiro empreendimento pesqueiro do
Brasil.
O
tempo passou e as dificuldades aumentaram. As sesmarias entregues
simbolicamente no primeiro dia, somente foram registradas nos nomes dos colonos
em agosto de 1821, quando a colônia caminhava para o seu fim. A ajuda de custo
até foi paga, mas chegava a conta-gotas e com atraso. O que nunca apareceu
mesmo foram os barcos para a pesca marítima, as famosas rascas da Ericeira.
A
tão sonhada independência financeira não veio, mas sim, a do Brasil em 7 de
setembro de 1822. A separação criou um abismo entre Brasil e Portugal, que se
refletiu nos projetos portugueses no Brasil, entre eles a Nova Ericeira. Além
da Independência, a falta de planejamento, gerenciamento e principalmente a
corrupção ajudaram a colônia naufragar antes mesmo do primeiro barco de pesca
entrar no mar.
Com
o fim à vista, muitos abandonaram a Enseadas das Garoupas e retornaram a
Portugal. Quem tinha condições financeiras conseguiu fazer a viagem ainda em
1821. No entanto, a maioria não teve a mesma sorte. Lembrando que a passagem de
ida foi paga pelo governo português. Os que ficaram foram obrigados a jurar
obediência à causa da independência e tiveram que usar uma braçadeira de cor
verde e amarela como prova de patriotismo. Depois de 1822, muitos colonos foram
expulsos de suas terras e morreram na miséria.
Dos
400 moradores da Ericeira que vieram para a Enseada das Garoupas em 1819,
apenas 25 conseguiram voltar a Portugal. Entre eles estava o fundador da
Colônia Nova Ericeira, Justino José da Silva. Seu filho, Francisco José da
Silva Ericeira, também deixou à colônia em 1821, mas depois de morar por quase
dez anos no Rio de Janeiro, retornou a sua terra natal, onde foi presidente da
Câmara Municipal e administrador do antigo Concelho da Ericeira.
O primeiro padre da colônia, Manuel Franco Serreiro, também estava lista, bem como os filhos do ex-tesoureiro da antiga Câmara Municipal da Ericeira, António Lopes da Costa Pacheco, Possidónio Lopes de Miranda e António Lopes da Costa Pacheco Filho. Já o pai e mais um filho resolveram ficar na Nova Ericeira. Outro morador que resolveu partir foi Felisberto Franco de Matos, rico negociante da Ericeira na época.
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