quinta-feira, 16 de julho de 2020

A casa da rua da Lampadoza

Avenida Passos (antiga rua da Lampadoza) em 1920/Arquivo Público do Rio de Janeiro

A residência nº 34 da rua da Lampadoza (atual Avenida Passos), na cidade do Rio de Janeiro, pertencia ao médico alagoano Alexandre José de Mello Moraes. Além de médico homeopata, Moraes foi escritor, historiador e celebre biógrafo de personalidades brasileiras. No sótão da casa nº 34, Moraes guardava documentos históricos e muitos livros.

O historiador alagoano ficou conhecido antes de 1860 por publicar um livro sobre a genealogia das principais famílias brasileiras. Mello Moraes foi biógrafo de Antônio de Menezes de Vasconcellos Drummond e ajudou na publicação das memórias do carioca em 1864. Drummond viajou em 1820 para então Província de Santa Catarina para supervisionar projetos da corte portuguesa, entre eles a Colônia Nova Ericeira.

Alexandre José de Mello Moraes contribuiu com diversas doações de livros para bibliotecas das províncias. Em março de 1860, por exemplo, enviou 266 livros para Santa Catarina. Moraes faleceu no dia 5 de setembro de 1882, na cidade do Rio de Janeiro. 

Médico homeopata, historiador e biógrafo, Alexandre José de Mello Morares colecionava livros e documentos históricos

        A ligação da casa nº 34 da rua Lampadoza com a Nova Ericeira pode ser conferida no livro “1818 — A história da colônia criada por Dom João VI que foi alvo de disputa entre brasileiros e portugueses no século XIX”, de autoria do jornalista Rogério Pinheiro. A obra está disponível nas livrarias Catarinense e no site da Amazon.

quarta-feira, 8 de julho de 2020

Os Lusíadas e a Nova Ericeira

A primeira edição de "Os Lusíadas" foi impresso em 1572. Crédito: Biblioteca Nacional/Reprodução 

No dia 17 de novembro de 1889, o imperador Dom Pedro II fugiu com a família real para a Europa. Antes de partir para o exílio, o imperador pediu que trouxessem um exemplar de “Os Lusíadas”, que ganhara do senador catarinense José da Silva Mafra. O livro pertencia a Luís de Camões e foi dado de presente quando o imperador visitou Desterro (atual Florianópolis) em 1845.

A amizade entre o imperador e Silva Mafra começou depois do presente raro”. No começo de 1845, ele foi escolhido senador por Pedro II em uma lista tríplice. O nome foi indicado por um ex-ministro da Marinha e conterrâneo do senador. Com “Os Lusíadas”, José da Silva Mafra Silva Mafra se tornou frequentador assíduo do Palácio de São Cristóvão.

O mesmo “Os Lusíadas”, que abriu as portas do Palácio de São Cristóvão ao senador José da Silva Mafra, é alvo de uma grande polêmica. Outra versão da história mostra que o verdadeiro dono do livro foi o frei José de São Boaventura Cardoso, que defendeu o irmão de Dom Pedro I, Dom Miguel, na Guerra Civil Portuguesa (1832/1834).

Com a suspensão das ordens religiosas em Portugal e também por defender o lado perdedor, Cardoso se mudou para Desterro (Florianópolis) e levou consigo a obra rara. Por quase dez anos o exemplar de “Os Lusíadas” circulou pela capital catarinense sem ninguém soubesse.

O livro “1818 — A história da colônia criada por Dom João VI que foi alvo de disputa entre brasileiros e portugueses no século XIX”, de autoria do jornalista Rogério Pinheiro, conta essa história e a ligação com a Colônia Nova Ericeira. A obra está disponível nas livrarias Catarinense e no site da Amazon.

terça-feira, 7 de julho de 2020

A vida dupla do herói da Ericeira


Francisco José da Silva Ericeira/Ilustração Daniel Manfredini

Na Ericeira, em Portugal, Francisco José da Silva Ericeira é considerado um herói. Bairrista ferrenho, ele foi presidente da Câmara Municipal da Ericeira e administrador do Concelho (extinto em 1855). Como administrador promoveu a construção da estrada para Mafra e estabeleceu carreiras semanais regulares de ônibus (autocarro) da Ericeira para Lisboa. Por conta própria abriu um hotel, tornando-se pioneiro no turismo jagoz (ericeirense). Francisco José foi também o primeiro capitão do Porto da Ericeira.

O capitão nasceu em 1800 e era filho de Justino José da Silva, rico armador e com influência na corte portuguesa, principalmente com Dom João VI. Justino foi o fundador da Colônia Nova Ericeira no Sul Brasil, onde pretendia organizar não só uma colônia de pescadores e sim um novo município. 

A vida do Ericeira é contada depois dos 30 anos. Ele retornou para Portugal no começo da década de 1830 para lutar ao lado do amigo Dom Pedro I (Pedro IV em Portugal) contra Dom Miguel na Guerra Civil Portuguesa (1832/1834). Com a vitória do liberal Pedro I, Francisco José se estabeleceu na Ericeira e construiu a imagem de herói bairrista.

Antes de 1830, pouco se sabe da vida do velho capitão. Francisco José nunca contou que viajou em 1819 com o pai para fundar uma colônia pesqueira no Sul do Brasil. Na Ericeira, a história contada é que depois de seguir a carreira de oficial de Marinha Mercante, retornou à terra natal. Não existe nenhum documento na vila portuguesa que indique a viagem que fez ao Brasil em setembro de 1819.

Porto do Rio de Janeiro em 1860. Extraído de uma litografia de Victor Frond

        Francisco viajou com a família para a Enseada das Garoupas, em Santa Catarina, onde chegou com os outros colonos no dia 30 de dezembro de 1819. Ficou lá por quase dois anos. No final de 1821, se estabeleceu na cidade do Rio de Janeiro e depois em Campos, no norte fluminense. Permaneceu no Brasil como mestre de embarcações quase dez anos.  Mesmo depois de retornar a Portugal visitou o Rio de Janeiro outras vezes.  

A história completa da vida dupla do velho capitão pode ser conferida no livro “1818 — A história da colônia criada por Dom João VI que foi alvo de disputa entre brasileiros e portugueses no século XIX”, de autoria do jornalista Rogério Pinheiro. A obra está disponível nas livrarias Catarinense e na Amazon https://www.amazon.com.br/dp/B082XG39K4

segunda-feira, 6 de julho de 2020

Livro conta os bastidores da criação da Colônia Nova Ericeira



Uma pequena parte da história do Brasil começa a ser redescoberta com a publicação do livro “1818 — A história da colônia criada por Dom João VI que foi alvo de disputa entre brasileiros e portugueses no século XIX”. De autoria do jornalista Rogério Pinheiro, a obra lançada no final de 2019, está disponível nas livrarias Catarinense e no site da Amazon.

O livro traz os bastidores da criação da Colônia Nova Ericeira em 1818 e a guerra que se travou entre brasileiros e portugueses pelo seu controle. Na obra, o autor aborda também a atuação de um grupo político catarinense, que montou um sofisticado esquema de corrupção para desviar os recursos destinados à compra de terras e barcos de pesca.

A Colônia Nova Ericeira foi criada por ordem de Dom João VI, no dia 25 de março de 1818, na Enseada das Garoupas, hoje a cidade de Porto Belo. Ao todo cerca de 400 pessoas vieram da freguesia da Ericeira (Portugal), distante 40 quilômetros de Lisboa. Fizeram parte da colônia as cidades de Balneário Camboriú, Balneário Piçarras, Barra Velha, Bombinhas, Camboriú, Governador Celso Ramos, Itajaí, Itapema, Navegantes, Penha, Porto Belo e Tijucas.

Curiosidades

O livro traz muitas curiosidades, por exemplo, a participação de José Bonifácio de Andrada e Silva no processo de criação da Nova Ericeira. O patriarca da Independência do Brasil conhecia o litoral catarinense, a Ericeira e chegou a escrever um estudo pesqueiro em 1812.

        José Bonifácio de Andrada e Silva. Quadro de Benedito Calixto de Jesus

Outra curiosidade está relacionada com “Os Lusíadas”. Em 1845, um senador catarinense presenteou o imperador Dom Pedro II com o livro, que pertenceu ao próprio Luís de Camões. A obra rara está envolta em uma grande polêmica e quase gerou uma crise diplomática entre o Brasil e Portugal na década de 1970. O senador foi o chefe do grupo político responsável por desviar os recursos da Nova Ericeira.

Pesquisa

Para produzir o livro-reportagem foram analisados mais de 10 mil documentos, entre registros paroquiais, periódicos, artigos e livros. Em Portugal, foram realizadas pesquisas in loco no Arquivo da Torre do Tombo em Lisboa, no Arquivo Público Dom Pedro V em Mafra e da Santa Casa de Misericórdia da Ericeira. No Brasil, as pesquisas foram centradas nos arquivos públicos do Estado de Santa Catarina, Municipal de Florianópolis e Municipal de Itajaí, além do acervo digital da Biblioteca Nacional e da Hemeroteca Catarinense.

O autor

     Jornalista formado pela Universidade do Vale do Itajaí (Univali), Rogério Pinheiro é paulista da cidade de Guarujá (SP), mas reside há mais de 20 anos em Navegantes (SC). Já trabalhou em jornais e rádios do Litoral Norte catarinense. É autor do livro “A Nova Ericeira” e dos documentários “Ericeira: um mar de história” e “Navegantes”. Trabalha atualmente como produtor cultural, pesquisador e editor independente.