quinta-feira, 14 de novembro de 2019

A história do senador catarinense que presenteou Dom Pedro II com um exemplar raro de “Os Lusíadas”

Caricatura do imperador D. Pedro II, 1887. Carvalho, José Murilo de. D. Pedro II: ser ou não ser. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. Ângelo Agostini

          Nesta sexta-feira (15), o Brasil comemora os 130 anos da proclamação da República. No dia 17 de novembro, o imperador Dom Pedro II fugia com a família real para a Europa. Antes de partir para o exílio, Dom Pedro II, escreveu um bilhete, que pedia que trouxessem um exemplar raro de “Os Lusíadas”, que ganhara do senador catarinense José da Silva Mafra.

O livro, que pertenceu ao próprio Luís de Camões, deu início à amizade entre Dom Pedro II e o senador catarinense. José da Silva Mafra foi escolhido para a vaga no Senado depois da morte do padre Lourenço Rodrigues de Andrade em 1845, em uma lista tríplice pelo imperador. Silva Mafra era assíduo frequentador do Palácio de São Cristóvão e chegou a ser condecorado veador (camareiro oficial do imperador).

Biblioteca Nacional guarda o exemplar da primeira edição de "Os Lusíadas", escrito por Luis de Camões, impresso em 1572.Crédito: Biblioteca Nacional do Brasil/ Reprodução

O mesmo “Os Lusíadas”, que abriu as portas do Palácio de São Cristóvão ao senador José da Silva Mafra é alvo de uma grande polêmica. Outra versão da história mostra que o verdadeiro dono do livro foi o frei José de São Boaventura Cardoso, que defendeu o irmão de Dom Pedro I, Dom Miguel, na Guerra Civil Portuguesa (1832/1834).

Com a suspensão das ordens religiosas em Portugal e também por defender o lado perdedor, Cardoso se mudou para Desterro (Florianópolis) e levou consigo a obra rara. Toda essa intrigante história está no livro “1818 — A história da colônia criada por Dom João VI que foi alvo de disputa entre brasileiros e portugueses no século XIX”, que será lançado no dia 26 de novembro, às 19h30, na Livraria Catarinense do Itajaí Shopping.

Pesquisa

Para produzir o livro-reportagem foram analisados mais de 10 mil documentos, entre registros paroquiais, periódicos, artigos e livros. Em Portugal, foram realizadas pesquisas in loco no Arquivo da Torre do Tombo em Lisboa, no Arquivo Público Dom Pedro V em Mafra e da Santa Casa de Misericórdia da Ericeira. No Brasil, as pesquisas foram centradas nos arquivos públicos do Estado de Santa Catarina, Municipal de Florianópolis e Municipal de Itajaí, além do acervo digital da Biblioteca Nacional e da Hemeroteca Catarinense. 

O autor

Jornalista formado pela Universidade do Vale do Itajaí (Univali), Rogério Pinheiro é paulista da cidade de Guarujá (SP), mas reside há mais de 20 anos em Navegantes (SC). Já trabalhou em jornais e rádios do litoral norte catarinense. É autor do livro “A Nova Ericeira” e dos documentários “Ericeira: um mar de história” e “Navegantes”. Trabalha atualmente como produtor cultural, pesquisador e editor independente.

*Mais informações com o jornalista Rogério Pinheiro no número (47) 98823-5334.

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