Em 1817, o negociante português Justino José da Silva teve ideia de criar uma colônia pesqueira no litoral de Santa Catarina. A colônia passou a se chamar Nova Ericeira depois do decreto assinado por Dom João VI, em março de 1818. O empreendimento pesqueiro, o primeiro do Brasil, teve sua sede na Enseada das Garoupas, hoje o município de Porto Belo.
Entre
1819 e 1821, cerca de 400 moradores da Ericeira (Portugal) atravessaram o
Atlântico. Foram atraídos com a promessa de casas, terras, uma ajuda de custo e
barcos para a pesca marítima. Justino José da Silva não tinha apenas a intenção
de criar uma colônia pesqueira. Amigo do rei, Silva sonhava alto e deslumbrava
um futuro glorioso para a Ericeira.
Até
1818, Dom João VI não cogitava retornar a Portugal. Ideia defendida também pelo
todo-poderoso ministro Tomás Villa Nova Portugal. Justino seguia o mesmo
caminho. O projeto idealizado por ele defendia a transferência de todo aparato
administrativo da Ericeira para a Enseada das Garoupas.
Além
de recuperar seu prestígio político, o negociante português sonhava em fazer da
Ericeira no Brasil maior que Lisboa. Justino tinha seu filho Francisco José da
Silva Ericeira seu sucessor e futuro administrador da Nova Ericeira.
A
Revolução do Porto em 1820 e a Independência do Brasil em 1822 transformaram o
sonho em pesadelo. Justino retornou à Ericeira e a frente de um projeto que
naufragou antes mesmo do primeiro barco ir ao mar. O filho teve que ficar mais
de dez anos no Brasil antes de voltar para Portugal e se transformar em
conhecido herói bairrista na Ericeira.
Além
de não ter ficado maior que Lisboa, a Ericeira perdeu seu status de município
depois que Portugal realizou uma reforma administrativa em 1855 e passou a ser
uma freguesia de Mafra. A criação da Nova Ericeira 37 anos antes teve um papel
importante no processo da perda do município.
A
história completa dessa aventura portuguesa no Sul do Brasil está no livro “1818
— A história da colônia criada por Dom João VI que foi alvo de disputa entre
brasileiros e portugueses no século XIX”, que será lançado no dia 26 de
novembro, às 19h30, na Livraria Catarinense do Itajaí Shopping.
Muito interessante esse tema. Estou convicto de que será uma grande contribuição para a historiografia regional.
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