sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Um prato para corajosos

A caneja (cação) de infundice é um prato típico da Ericeira (Portugal) e patrimônio gastronômico da vila

        Conta à lenda que um pescador depois de lavar a caneja (espécie de cação) com água do mar e embrulhá-la com jornal foi para casa esquecendo o pacote dentro do pequeno barco. Depois de 15 dias, o pescador encontrou o embrulho com o peixe. Ele retirou o papel e a primeira reação foi tapar o nariz devido ao forte cheiro de amoníaco.
 
         Apesar do odor de urina, o peixe não estava estragado e conservava ainda uma ótima aparência. O pescador resolveu não jogar pescado fora. Ele o cozinhou e para sua surpresa o sabor da caneja era saboroso, embora muito forte. Acompanhado de um vinho tinto e azeite de oliva, o peixe foi consumido todo pelo pescador, que espalhou a novidade pelos quatro cantos.

Ambiente para fazer a caneja de infundice deve estar muito limpo

        Nascia assim a caneja de infundice, o prato típico da vila da Ericeira, em Portugal. Durante muitos anos, principalmente nos meses de inverno, quando o tempo ruim impedia a pescaria, era a caneja de infundice a única carne na mesa.
 
         A caneja não é consumida fresca, mas apenas depois de ser submetida a uma cura que dura uma semana, ou duas, fazendo-a adquirir um aroma muito intenso e característico, a que os locais chamam “infundice”. Hoje o prato é feito da seguinte maneira:
                                                                               
Para preparar o peixe é preciso limpar, salgar e embrulhá-lo. Depois de 15 dias num ambiente escuro ele está pronto para ser consumido
 
       
           Depois de apanhada, a caneja é salgada e embrulhada num saco de pano. Ao fim de três dias, tempera-se com um pouco de sal e volta-se a embrulhar durante mais quatro ou cinco dias.
 
Raramente se encontra a caneja em algum restaurante. Os motivos são: o preço, o tempo para preparar o prato e o cheiro forte de urina
 
        
         Completado uma semana de cura, que deve ser feito em local escuro ou mesmo enterrada, a caneja liberta o tal cheiro insuportável, a infundice. Na Ericeira, os restaurantes não vendem por três motivos, o tempo que leva para ser feito, o preço alto e principalmente o cheiro de urina que o prato exala. Além da Ericeira, uma iguaria parecida é feita também na Noruega, mas com outro tipo de peixe.

          Segundo o ericeirense, Fernando Melo, apesar do cheiro forte, o prato é um dos mais limpos que existe.
 
- Para preparar a caneja de infundice o ambiente teve estar muito limpo. Se por acaso uma mosca pousar no peixe antes de ser embrulhado ele já não presta mais – disse o jagoz (ericeirense).

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Itapema tem a 2ª pior conexão de internet do mundo

Internet não é a pior do planeta porque cidade da Argélia conseguiu ser mais lenta. Brasil está na posição 163 do ranking
A cidade de Itapema tem a segunda conexão média mais lenta de todo o mundo. A informação foi divulgada pela Pando Networks, que publicou em setembro um ranking que mede a velocidade da internet. Itapema tem velocidade de 61 Kbps e só não ficou em último porque a cidade de Algiers, na Argélia, oferece o acesso a 56Kbps. De acordo com o estudo, a média mundial de acesso é 508 KBps.


No ranking o Brasil está posição 163º, atrás de países como Níger, Haiti, Etiópia e Angola. A liderança está nas mãos da Coreia do Sul, que cravou 2,2 MBps. Em segundo lugar vem a Romênia, com 1,9 MBps, seguida de Bulgária (1,6 MBps), Lituânia (1,5 MBps) e Letônia (1,4 MBps). Os EUA têm média de 616 KBps a China, de 245 KBps.


A pesquisa se baseou em 27 milhões de downloads feitos de 20 milhões de computadores espalhados pelo globo. Apesar de se referir a países, a lista não é composta apenas por nações. Em duas ocasiões, foram encontradas classificações como "Anonymous Proxy" e "Satellite Provider" que, segundo a Pando, referem-se a conexões realizadas por meio de proxy e provedor via satélite cujo país de origem não pôde ser identificado.


Fundada em 2004 em Nova Iorque, a Pando Networks é uma empresa de distribuição de mídia apoiada pela Intel Capital, Capital Partners e BRM Wheatley. A empresa é especializada em distribuição de jogos, vídeo e software para os editores e distribuidores de mídia.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

O fantasma da Casa Burghardt

Casarão da Rua Lauro Müller e seus antigos moradores escondem muitos segredos

     Todos os meses a Fundação Cultural de Itajaí realiza na sua Galeria de Artes uma exposição. A do dia 05 de maio de 2009 era para ser mais uma das inúmeras exposições que já passaram pelo local. Mas, aquela noite de abertura não foi um dia qualquer e os fatos que aconteceram durante o evento são lembrados até hoje.

     Naquela noite, enquanto o público prestigiava a abertura da mostra, uma mãe levou sua filha até o corredor lateral do prédio e ambas sentaram num banco. Acima delas ficam as janelas do primeiro andar da casa e toda a parte administrativa da Fundação Cultural de Itajaí. Na janela, uma pessoa se aproximou e ficou a observar mãe e filha por um tempo.

     A mãe achou estranha a atitude da pessoa e relatou que tinha acontecido para a funcionária da Fundação Cultural, Elisiane Dalmolin, que estranhou o fato, já que as portas que levam até as salas do primeiro andar estavam trancadas e ninguém tinha autorização de subir até o local fora do expediente. Elisiane resolveu subir e ver quem era a pessoa que estava no primeiro andar. Ela abriu todas as salas e para sua surpresa e também das visitantes não havia ninguém. Tudo estava no seu lugar.
 
Corredor onde mãe e filha viram a misteriosa moradora da Casa Burghardt

     A história testemunhada por Elisiane é apenas uma de muitas histórias assustadoras que rondam o prédio da Fundação Cultural. Para muitos moradores de Itajaí, a pessoa que mãe e filha viram na janela é o fantasma da antiga proprietária da casa, a senhora Mathilde Bauer, conhecida como Dona Cachorrinha. Além de passos na escadaria de madeira que leva ao primeiro andar e de gemidos, Dona Cachorrinha já foi vista mais de uma vez, na janela da frente segurando uma vela.

     Verdade ou não, as histórias fantasmagóricas já fazem parte da cultura e da história de Itajaí. Antes de ser sede da Fundação Cultural, a casa foi residência e comércio da senhora Mathilde e de seus dois maridos, o primeiro Harry Hundt e segundo Nicolau Burghardt.

     A história começa no distante ano de 1902, quando o imigrante alemão Harry Hundt contratou o arquiteto também alemão Reinhold Roenick, para construir uma casa que servisse de residência e também para o comércio. A localização da casa foi uma exigência de Hundt. Situada na margem do rio Itajaí-açu, a casa possui duas fachadas: a principal, para a rua Lauro Müller e uma secundária, para o rio.
 
Mathilde Bauer, depois Hundt e por fim Burghardt morreu em 1955 

     Com a casa já erguida, em 1903, Hundt se casou com Mathilde Bauer. Com a palavra Hundt em alemão é cachorro, dona Mathilde ganhou o apelido de Dona Cachorrinha. O primeiro comércio foi uma Casa de Louças. Ainda em 1903, Harry Hundt faleceu em Hamburgo (Alemanha). A única foto que se tem do negociante alemão é dele dentro de um caixão.

     Em 1910, Matilde casou com outro rico comerciante, o senhor Nicolau Burghardt. O comércio continuou até a década de 1930, quando o térreo da casa se tornou sede da “Companhia Catharinense de Telégraphos” de Santa Catharina”. Em seguida a Casa Burghardt virou uma confeitaria. Nicolau faleceu na década de 1940 e Mathilde em 1955.
 

Harry Hundt morreu em Hamburgo em 1903. A única prova da sua morte na Alemanha é essa foto

     Após a morte da senhora Burghardt, a casa foi sede de um clube, o “Seares’s Bar”. Durante a década de 1960 começaram a surgir as primeiras histórias envolvendo o fantasma da senhora Burghardt, como explica o ex-superintendente da Fundação Cultural de Itajaí, Agê Pinheiro.

     - Muitas histórias são contadas em torno na mítica assombração de Mathilde Burghardt. Dizem que na época em que funcionou o Seare’s Bar uma dama vestida de branco aparecia no salão superior do casarão e quando a procuravam para dançar ela sumia – disse Agê Pinheiro. 

Nicolau  Burghardt é o último da esquerda para a direita

     Sobre a vida de Mathilde Burghardt pouco se sabe. A escritora Marlene Rothbarth, 77 anos, frequentou a casa junto com a mãe e se lembra da senhora Burghardt

    - Era uma pessoa calada e quieta. Não era de sorrir e sempre com semblante austero. Quando eu ia à casa junto com a minha mãe nós a encontrávamos sempre ela com avental. Na época morava com uma sobrinha, mas nunca teve filhos – conta a escritora.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

O filho do padeiro que virou presidente do Brasil


Nilo Peçanha é descrito pelos livros de história como sendo branco
Ele era mulato, filho de um padeiro e chegou à presidência do Brasil. Tudo isso menos de 20 anos após a libertação dos escravos em 1889. A proeza de Nilo Procópio Peçanha é bem maior que seu colega Luiz Ignácio Lula da Silva, eleito em 2002 e porque não dizer do presidente americano Barak Obama. Embora muitas vezes fosse retratado como branco era mulato.

Nilo Peçanha não foi eleito diretamente, assumiu a presidência com a morte de Afonso Pena, de quem era vice. Exerceu o cargo de 14 de junho de 1909 a 15 de novembro de 1910. De origem humilde, Peçanha construiu uma sólida carreira política, ascendendo, em um intervalo de poucos anos, de senador a presidente do estado do Rio de Janeiro – nome da época para o cargo de governador – e a presidente do Brasil.

O menino da padaria
Nilo Peçanha nasceu no dia 02 de outubro de 1867, na Fazenda do Desterro, no limite com o Espírito Santo, município de Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro, filho de Sebastião de Sousa Peçanha e Joaquina Anália de Sá Freire Peçanha. Nilo Peçanha ou o “Menino da Padaria”, como era conhecido (devido ao seu pai ter um comércio de padaria), viveu seu início de vida num sítio em Morro do Coco, onde cresceu ouvindo histórias da negra Delfina, que falava do sofrimento dos escravos.

Filho de um padeiro, Peçanha chegou a presidência da República em 1909
Quando chegou à idade escolar a família se mudou para Campos, onde Nilo foi matriculado no Liceu de Humanidades de Campos. Formou-se na Faculdade de Direito do Recife já com vinte anos de idade. Numa viagem de trem de Campos para o Rio de Janeiro, o jovem Nilo conheceu e de apaixonou perdidamente por uma jovem de nome Anita Castro Belisário de Sousa, com a qual se casou no dia 06 de dezembro de 1895. Dos três filhos que teve nenhum conseguiu chegar à fase adulta.

Anita era descendente de uma rica família de Campos. O casamento foi um escândalo social, pois a noiva teve que fugir de casa para poder se casar com um sujeito pobre e mulato.

No mesmo em que se casou, Peçanha ajudou a fundar o Clube Republicano de Campos, do qual foi presidente, bem como do Partido Republicano. Após a instauração do regime republicano em 15 de novembro de 1889, Nilo intensificou sua atividade político-partidária e foi eleito deputado, participando da Assembléia Constituinte responsável pela primeira Constituição republicana de 1891.

Foi eleito em sucessivos pleitos e em 1903 foi eleito para deputado federal, quando assumiu uma cadeira no Senado. Em 1903, renunciou à sua vaga na Câmara Alta para assumir a Presidência do Estado do Rio de Janeiro, que exerceu até 1906. Neste ano, foi eleito Vice-Presidente de Afonso Pena.

Em 1909, devido à morte de Afonso Pena, Nilo Peçanha tornou-se Presidente da República. Nilo estava com 42 anos ao assumir a Presidência da República.

Nilo Peçanha era motivo de chacota nos jornais por causa do tom da sua pele
 Em seu governo recriou o Ministério da Agricultura, órgão que aglutinou os grupos regionais dissidentes. Introduziu importantes alterações no funcionamento do Estado, o que representou uma obra de grande alcance. Criou Lei permitindo, pela primeira vez, o trabalho feminino nas repartições públicas. Criou o Imposto Territorial, criou o Ensino Técnico-profissional (com as Escolas de Aprendizes de Artífices), o Serviço de Inspeção Agrícola, a Diretoria da Indústria Animal, a Diretoria de Meteorologia e o Serviço de Proteção ao Índio.

Faleceu em 1924, no Rio de Janeiro, afastado da vida política e foi sepultado no Cemitério de São João Batista.

Fonte: Presidentes do Brasil, Editora Rio.
FONTE: http://institutohistoriar.blogspot.com/2008/09/srie-presidentes-do-brasil_21.html