Pescadores da Ericeira no começo do século XX/Acervo Pessoal |
Em
comemoração aos 200 anos da criação da Colônia Nova Ericeira, o blog começa a
contar a história dos ericeirenses que vieram para o Brasil no século XIX em
busca de uma vida melhor.
Depois
de enfrentar quase três meses de viagem pelo Atlântico, os primeiros colonos
chegaram à cidade do Rio de Janeiro, em setembro de 1817, na galera Conde de Peniche.
Depois de passar pela imigração, eles seguiram para Colônia Nova Ericeira, no
Sul do Brasil.
Entre
a leva dos primeiros 100 colonos que vieram da Ericeira, estava António Lopes
da Costa Pacheco. Tesoureiro da Câmara Municipal da Ericeira por muitos anos,
António morava com a família na antiga rua de São Pedro, hoje rua Paroquial. Da mesma rua, outras famílias
também resolveram tentar a vida no Brasil.
Filho
de Manuel Lopes e Sebastiana Franca, António nasceu na Ericeira em março de
1768. O ex-funcionário da Câmara da Ericeira casou com Maria Inácia Perpétua de
Morais no dia 14 de julho de 1793.
Da
união nasceram: Possidónio (31/05/1794), Maria Inácia (06/12/1795), Manuel
António (17/12/1797), Manuel (11/03/1798), Josefa (29/06/1802) e Sebastiana
Rosa (17/03/1810).
António
ficou viúvo antes da viagem. No dia 8 de maio de 1815, a esposa Maria Inácia
Perpétua de Morais faleceu.
O
ex-tesoureiro da Câmara da Ericeira chegou na Enseada das Garoupas, Sul do
Brasil, em março de 1818. Ele trouxe os filhos Manuel, Possidónio, Maria
Inácia, Manuel António, Josefa e Sebastiana Rosa.
Além
dos filhos, António veio para Enseada das Garoupas com parentes de Maria Inácia
Perpétua de Morais, no total de doze pessoas, mas isso é assunto para uma
próxima postagem.
António morava próximo a Igreja de São Pedro/Foto Rogério Pinheiro |
António e os filhos se estabeleceram na sede da Colônia Nova Ericeira, hoje região central de Porto Belo. Na colônia, António conheceu outros ericeirenses que vieram para o Sul do Brasil ainda no século XVIII e se estabeleceram em Santo Antônio de Lisboa, freguesia que ficava ao Norte da Ilha de Santa Catarina, hoje a cidade de Florianópolis.
A
ideia da colônia surgiu desses ericeirenses mais antigos. Eles conheciam bem a
região da Enseada das Garoupas e sabia que a região tinha potencial para um
empreendimento pesqueiro.
Existem
poucas informações sobre a sua passagem pela Colônia Nova Ericeira, mas ele e o
filho Manuel foram os únicos da família que permaneceram no Brasil. Os outros
retornaram para Ericeira.
Colônia
Nova Ericeira
Vista da Enseada das Garoupas em Porto Belo/Divulgação |
Em fevereiro de 1818, Dom João VI foi coroado rei de Portugal, Brasil e Algarves. Uma das primeiras medidas já como monarca foi à criação de uma colônia pesqueira no Sul do Brasil. O Aviso Régio de 25 de março de 1818 tornou oficial a idéia sugerida um ano antes por Justino José da Silva, ex-funcionário da Câmara Municipal da Ericeira, extinta em 1855, por ocasião de uma reforma administrativa realizada pelo Reino de Portugal.
Coube
ao então Intendente da Marinha de Santa Catarina, o comandante Miguel de Souza
Mello e Alvim, a fundação do povoado no litoral catarinense. O local indicado
foi a Enseada das Garoupas, hoje cidade de Porto Belo.
A
Nova Ericeira foi uma colônia estatal provida com recursos da Coroa Portuguesa.
Estima-se que cerca de 300 famílias vieram da Ericeira para o Sul do Brasil
entre 1818 a 1821.
A
demora para distribuição das terras, a falta de atenção para os novos colonos
por parte do governo da Província de Santa Catarina e principalmente a
Independência do Brasil, em 1822, contribuíram para o fim da Nova Ericeira, em
1824.
A
Nova Ericeira foi extinta, mas seus habitantes não. Com o nome de Porto Belo,
as famílias da Ericeira continuaram a desenvolver a pesca pelos anos que
seguiram.
Da
antiga colônia surgiram nove cidades e todas com um algo em comum: a ligação
com o mar. As cidades que nasceram da Nova Ericeira são: Balneário Camboriú, Bombinhas,
Camboriú, Governador Celso Ramos, Itajaí, Itapema, Navegantes, Porto Belo e
Tijucas.