terça-feira, 21 de março de 2017

Os ericeirenses que vieram para o Sul do Brasil: António Lopes da Costa Pacheco


 
Entre as famílias portuguesas que vieram para o Sul do Brasil no século XIX, está a do tesoureiro da antiga Câmara Municipal da Ericeira, António Lopes da Costa Pacheco. Antes de partir para o Brasil, a família Lopes da  morava  na Rua de São Pedro.

Filho de Manuel Lopes e Sebastiana Franca, António nasceu na Ericeira em março de 1768. O ex-funcionário da Câmara da Ericeira casou com Maria Inácia Perpétua de Morais no dia 14 de julho de 1793.

Da união nasceram: Possidónio (31/05/1794), Maria Inácia (06/12/1795), Manuel António (17/12/1797), Manuel (11/03/1798), Josefa (29/06/1802) e Sebastiana Rosa (17/03/1810).

António ficou viúvo antes da viagem para o Sul Brasil No dia 8 de maio de 1815, a esposa Maria Inácia Perpétua de Morais faleceu.

O ex-tesoureiro da Câmara da Ericeira chegou na Enseada das Garoupas, Sul do Brasil, em março de 1819, um ano depois da criação oficial da colônia por Dom João VI. Ele trouxe os filhos Manuel, Possidónio, Maria Inácia, Manuel António, Josefa e Sebastiana Rosa. 

Além dos filhos, António veio para Enseada das Garoupas com parentes de Maria Inácia Perpétua de Morais, no total de doze pessoas, mas isso é assunto para uma próxima postagem.

Lopes da Costa Pacheco e os filhos se estabeleceram na sede da Colônia Nova Ericeira, hoje região central de Porto Belo.

Na colônia, António conheceu outros ericeirenses que vieram para o Sul do Brasil ainda no século XVIII e se estabeleceram em Santo Antônio de Lisboa, freguesia que ficava ao Norte da Ilha de Santa Catarina, hoje a cidade de Florianópolis e capital do Estado de Santa Catarina.

A ideia da colônia surgiu desses ericeirenses mais antigos. Eles conheciam bem a região da Enseada das Garoupas por ter um porto tranquilo.

Existem poucas informações sobre a sua passagem pela Colônia Nova Ericeira, mas ele e o filho Manuel foram os únicos da família que permaneceram no Brasil. Os outros filhos retornaram para Ericeira em 1821.

Não existem dados oficiais da colônia na Ericeira e nem da viagem de seus moradores ao Brasil. Um dos documentos que faz menção é do padre Manuel Maria Ferreira (1857-1889), que organizou um cadastro das famílias naturais e moradoras da Ericeira de 1750 a 1889.  

No cadastro aparece apenas que António Lopes da Costa Pacheco e o filho faleceram na Ilha Garoupas, Brasil. Na verdade, o padre Manuel Ferreira se referia a Enseada das Garoupas.

Segundo o escritor e jornalista português, Jaime de Oliveira Lobo e Silva (1875-1943), conhecido na Ericeira como mestre Jaime, o padre Manuel Ferreira foi responsável pela reorganização dos registros paroquiais da Ericeira na segunda metade do século XIX.

“Possuía apreciáveis qualidades de arquivista e paleógrafo, pelo que reorganizou o cartório e arquivo da igreja e paróquia a seu cargo.Com a sua letra muito certinha, igual e bem legível, copiou todos os velhos documentos da igreja de São Pedro da Ericeira, tais como: testamentos, cartas de sentença, títulos de aforamento, cartas de arrematação, etc., etc., salvando do olvido e da destruição muitos documentos antigos e curiosos, pelo que nunca serão demais os louvores que se lhe tributem”, escreveu mestre Jaime.